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Mauro Sousa relata conversas sobre questões de gênero com Maurício de Sousa

Mauro Sousa e Mauricio de Sousa - Reprodução/Instagram
Mauro Sousa e Mauricio de Sousa Imagem: Reprodução/Instagram

Colaboração para Universa, em São Paulo

10/07/2020 22h05

Mauro Sousa, filho do cartunista Maurício de Sousa, contou hoje em uma publicação feita em seu Instagram que está sentindo saudades de conversar pessoalmente com o pai, de quem está afastado por causa da pandemia do novo coronavírus.

Na postagem, Mauro — que é homossexual e casado com Rafael Piccin — aparece ao lado do pai e aproveitou para relembrar uma conversa que teve com ele sobre questões de gênero.

"Saudade de conversar com meu pai. Ainda o fazemos nesse período de distanciamento, mas? nada melhor que o olho no olho. Outro dia, ele me perguntou: 'Mauro, o que é trans?'. Ele sabia superficialmente, mas entendi que queria aprofundar-se. Então, calmamente, eu expliquei. E ele me ouviu", disse ele.

Mauro prosseguiu: "Também teve a vez que ele comentou: 'Ah, mas aquele seu amigo não parece gay'? (porque não era afeminado). E eu, calmamente, fui desconstruindo aquela ideia estereotipada. E ele me ouviu".

"É assim que fazemos: se eu domino o assunto, eu falo, e ele aprende. Não importa se é mais velho ou quem falou primeiro. O segredo do nosso diálogo está na humildade de quem ouve — porque não é fácil perceber-se ignorante — e na perseverança de quem fala, porque eu poderia simplesmente desprezar, boicotar ou cancelar. Daria menos trabalho", ensinou Mauro.

Na sequência, ele afirmou que o diálogo é a melhor solução. "Eu acredito na conversa, eu acredito na transformação do outro. Eu acredito no meu pai. O que eu não acredito é nessa pressão subliminar que existe de se ter (e expor) uma opinião fechada sobre tudo o tempo todo, mesmo quando o conhecimento é raso", frisou.

"É gente que sabe de menos achando que sabe de mais, orgulhosos de mais e generosos de menos. É a balbúrdia dos tagarelas e o desmérito dos conhecedores. Mas eu e meu pai temos discernimento. A gente sabe se colocar no nosso lugar e por isso as nossas conversas são possíveis", continuou.

Por fim, exaltou a boa relação que tem com Maurício, de 84 anos. "O nosso relacionamento é uma constante metamorfose de ideias, sempre evolutivas e irreversíveis. Não que seja fácil, mas no final, dá certo. A conta fecha. Por isso que nos amamos tanto e por isso que sinto tanta falta de nossas conversas", destacou.

Saudade de conversar com meu pai. Ainda o fazemos nesse período de distanciamento, mas? nada melhor que o olho no olho. Outro dia, ele me perguntou: - Mauro, o que é trans? Ele sabia superficialmente, mas entendi que queria aprofundar-se. Então, calmamente, eu expliquei. E ele me ouviu. Também teve a vez que ele comentou: - Ah, mas aquele seu amigo não parece gay? (porque não era afeminado) E eu, calmamente, fui desconstruindo aquela ideia estereotipada. E ele me ouviu. É assim que fazemos: se eu domino o assunto, eu falo. E ele, aprende. Não importa se é mais velho ou quem falou primeiro. O segredo do nosso diálogo está na humildade de quem ouve - porque não é fácil perceber-se ignorante - e na perseverança de quem fala - porque eu poderia simplesmente desprezar ou boicotar ou cancelar. Daria menos trabalho. Mas eu acredito na conversa, eu acredito na transformação do outro. Eu acredito no meu pai. O que eu não acredito é nessa pressão subliminar que existe de se ter (e expor) uma opinião fechada sobre tudo o tempo todo, mesmo quando o conhecimento é raso. É gente que sabe de menos achando que sabe de mais, orgulhosos de mais e generosos de menos. É a balbúrdia dos tagarelas e o desmérito dos conhecedores. Mas eu e meu pai temos discernimento. A gente sabe se colocar no nosso lugar e por isso as nossas conversas são possíveis. O nosso relacionamento é uma constante metamorfose de ideias, sempre evolutivas e irreversíveis. Não que seja fácil, mas no final, dá certo. A conta fecha. Por isso que nos amamos tanto e por isso que sinto tanta falta de nossas conversas... #FBF #FlashBackFriday

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