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'Dormia para não pensar em suicídio', diz Simone Biles sobre abuso sexual

Simone Biles na capa da "Vogue" norte-americana de agosto de 2020 - Reprodução
Simone Biles na capa da 'Vogue' norte-americana de agosto de 2020 Imagem: Reprodução

De Universa, em São Paulo

09/07/2020 10h40

Simone Biles se abriu sobre a forma como lidou com a depressão ao encarar os episódios de abuso sexual que sofreu. A campeã olímpica foi uma das ginastas abusadas pelo ex-médico da seleção norte-americana do esporte, Larry Nassar.

Em entrevista à "Vogue", Simone manteve a posição de não descrever em detalhes o que aconteceu com ela, se limitando a contar que os incidentes foram menos graves comparados aos relatados por suas colegas de equipe. Isso não impediu o abuso de deixar sequelas psicológicas, no entanto.

"Eu fiquei muito deprimida", contou. "Houve um ponto em que eu dormia muito, porque, para mim, era o mais próximo da morte que eu conseguia chegar sem me machucar de verdade. Era um escape dos meus pensamentos, do mundo. Foi um momento muito sombrio da minha vida".

Simone lembrou que, ao ouvir mais e mais relatos de colegas sobre Nassar, chegou a jogar no Google o termo "abuso sexual", para saber se o que tinha vivido com o médico se qualificava desta forma. Ela sentia que "não havia sido abusada", porque as histórias de outras meninas pareciam mais graves.

"Eu sinto que sabia, mas não queria admitir para mim mesma. Sentia que o público queria que eu fosse perfeita. Quando uma atleta norte-americana ganha nas Olimpíadas, ela se torna a 'queridinha da América'. Então, achei que iam pensar: 'Como isso poderia acontecer com ela?'. Eu sentia que ia decepcionar as pessoas", disse.

Dividir parte de sua história com o público, no entanto, foi "um alívio" para Simone: "Foi como um peso que saiu dos meus ombros. E eu sabia que, fazendo isso, poderia encorajar outras sobreviventes a fazer o mesmo".

A ginasta não quis comparecer ao julgamento de Nassar, em janeiro de 2018, onde muitas de suas acusadoras deram depoimentos emocionantes. O médico acabou sendo condenado a uma pena de mais de 300 anos de prisão.