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'Não posso falar de maternidade sem falar de racismo', diz Juliana Alves

Juliana Alves posa com a filha, Yolanda, de dois anos - Reprodução/Instagram
Juliana Alves posa com a filha, Yolanda, de dois anos Imagem: Reprodução/Instagram

De Universa, em São Paulo

07/07/2020 08h28

Juliana Alves olha para a maternidade como uma forma de criar uma geração mais consciente. A atriz, que é mãe de Yolanda, de dois anos de idade, falou à "Celina" sobre a série virtual "Pra Nós", que vai ao ar todo domingo no seu Instagram.

A ideia da produção é discutir desafios da maternidade e da vida em família na pandemia do novo coronavírus. "Quando fomos decidindo os temas [dos episódios], ficou claro para mim, pela minha trajetória, que eu não posso falar de maternidade sem falar de combate ao racismo", contou ela.

"Quando eu penso em criar uma criança, penso que tenho a missão de permitir que essa pessoa seja feliz e que possa contribuir para uma sociedade melhor. Eu não quero alienar a minha filha. Eu quero que ela possa atingir todo o seu potencial, que seja uma grande mulher, e que possa fazer escolhas", continuou.

"Para isso, ela precisa ter uma sociedade mais justa, que não diga que ela não pode fazer alguma coisa por conta de uma determinada condição. E eu desejo isso para todas as crianças, para todas as pessoas", completou.

Ainda é tabu

Juliana acredita que o tema do racismo é menos discutido do que deveria no Brasil. "Enquanto a gente não olhar para si e não reconhecer nossas mazelas, nossas vergonhas, nada vai mudar. Até muito pouco tempo atrás as pessoas diziam que não tinha racismo no Brasil. O racismo nunca foi uma dúvida nos EUA", apontou.

"Aqui sempre houve um cinismo em relação ao racismo, embora ele seja parte da estrutura da sociedade. Estamos em um momento de maior escuta, mas essas são coisas que falamos há muito tempo", disse ainda.

"O ano de 2020 vai entrar para a história, e espero que, quando a gente contar essa história, possa contar que teve alguma consequência positiva. Espero que a humanidade pare de normalizar coisas como o racismo, e entenda que precisa desconstruir esse projeto de sociedade que se constrói a partir da opressão do outro", declarou.