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Funkeira acusa falso médico por abuso sexual durante consulta no RJ

Rafaela Felizardo acusa o falso esteticista Leonardo Pimentel de abuso sexual durante uma sessão em 2018 - Reprodução/Instagram/@rafaelafelizardoo
Rafaela Felizardo acusa o falso esteticista Leonardo Pimentel de abuso sexual durante uma sessão em 2018 Imagem: Reprodução/Instagram/@rafaelafelizardoo

De Universa, em São Paulo

03/07/2020 13h41Atualizada em 03/07/2020 16h41

A funkeira Rafaela Felizardo, ex-participante do grupo Gaiola das Popozudas, afirma que foi abusada sexualmente pelo falso médico e esteticista Leonardo Pimentel, durante uma consulta no Rio de Janeiro em 2018. O falso médico foi preso dentro de seu consultório na quarta-feira (1) pela acusação de estupro de outras três mulheres — confirmados em exame de corpo de delito — e exercício ilegal da medicina por não ter formação na área. Ao ver a prisão de Pimentel na televisão, a funkeira informou que também vai fazer registrar a ocorrência de abuso sexual.

Rafaela disse que o caso ocorreu no fim de 2018 durante a quarta sessão de procedimentos estéticos que a dançarina fazia com o suposto médico.

"Fui fazer uma aplicação de enzimas abdominais e de carbox (carboxiterapia) no bumbum e, nesse dia, ele pediu para fazer uma esfoliação íntima e ficou massageando a minha virilha. Achei estranho, mas deixei. Depois, ele puxou o meu biquíni e começou a massagear a minha vagina. Falei para ele que eu não estava confortável nem me sentindo bem com aquilo, e ele pediu para eu relaxar, afirmando que era biomédico e que sabia o que estava fazendo. Fiquei sem reação", disse ela em conversa com o jornal Extra.

A vítima esperou a sessão terminar e foi embora do local muito nervosa pela situação. "Na hora passou pela minha cabeça que aquilo era um assédio e fiquei muito envergonhada", desabafou.

No caminho de volta para casa após o suposto abuso, a funkeira disse que ficou muito abalada com a situação. "Chorei muito. Cheguei em casa, tomei um banho e aquilo ficou na minha cabeça. Fiquei pensando por que eu não falei nada na hora, mas estava em choque, sem reação."

A funkeira contou que tinha uma parceria com Pimentel para divulgar o trabalho que ele realizava e, por isso, não pagava pelas consultas oferecidas pelo mesmo. Segundo a vítima, as sessões duravam entre 40 minutos a uma hora e chegou a realizar 4 diferentes sessões, mas foi na última que o abuso teria ocorrido.

"Ele passava muita confiança, era superprofissional, e a gente ficava sem reação, achando que fazia parte do procedimento. Mas, na hora, abusou de mim e eu não voltei nunca mais lá."

Antes de denunciar Pimentel, a funkeira disse ter ficado muito receosa de ninguém acreditar que a situação teria ocorrido e quando o viu na televisão sendo preso, se sentiu aliviada e irá denunciá-lo.

"Tentei procurar saber se outras meninas também passaram pelo mesmo problema. Uma amiga minha também foi, só que ela não quis denunciar por ser casada e não ter contado para o marido, por vergonha. Deus sabe de todas as coisas. Quando eu vi a vítima na televisão falando do abuso, eu sabia que era ele, porque ele fez igualzinho comigo. Me sinto aliviada. Ficava com um ódio dele, sem poder fazer. Agora eu vou denunciá-lo."

Investigação

De acordo com informações da Polícia Civil, Pimentel foi preso temporariamente na quarta-feira dentro da clínica em que atuava sob acusação de estupro por três outras mulheres com idades entre 25 e 30 anos. As práticas que teriam ocorrido dentro do seu consultório sediado no bairro de Abolição, na Zona Norte do estado. Segundo a Polícia Civil, as três vítimas fizeram exame de corpo de delito, que confirmaram o abuso sexual.

Leonardo Pimentel durante prisão em seu consultório; ele é acusado de estupro por Felizardo e outras 3 mulheres - Reprodução/TV Globo - Reprodução/TV Globo
Leonardo Pimentel durante prisão em seu consultório; ele é acusado de estupro por Felizardo e outras 3 mulheres
Imagem: Reprodução/TV Globo

As investigações tiveram início em junho quando uma das vítimas se encaminhou a uma delegacia para registrar a ocorrência. Pimentel responderá por estupro de vulnerável, exercício ilegal da medicina e crimes contra a saúde pública pois o falso esteticista teria injetado, em ao menos uma das vítimas, um conteúdo inadequado a seres humanos. Durante a prisão, os policiais apreenderam substâncias possivelmente usadas nas pacientes, que serão submetidas à perícia.

Ao saber que a prisão seria por estupro de vulnerável, o delegado Alessandro Petralanda comentou ao RJTV que Pimentel fez "um comentário muito infeliz" dizendo que "essas mulheres jogam sujo". "[Pimentel] Nitidamente adotou uma tese de defesa de todo abusador sexual que é a qual tentar desqualificar os depoimentos das vítimas", afirmou o delegado.

Defesa

Felipe Souza, advogado de Pimentel, disse ao UOL que as denunciantes são amigas que "ficaram insatisfeitas com com algum tipo de serviço, e ficaram mandando mensagem ameaçando ele [Pimentel], que queria o dinheiro de volta, que ia prejudicar ele, para reaver o dinheiro delas, que elas tinham pago algum tipo de serviço lá [no consultório]".

O advogado pontuou que as supostas vítimas foram prestar denúncias "em dias consecutivos e com o mesmo discurso". A defesa ainda aponta que seu cliente não teve tempo de prestar depoimento pois o inquérito foi concluído e o mandado de prisão temporária foi expedido pelo delegado em menos de uma semana.

"Em 6 dias o delegado concluiu tudo, então, tem muita coisa para ser esclarecida, para ser averiguada. Essa prisão dele [Pimentel] foi antecipada", disse a defesa.

Sobre os materiais apreendidos, a defesa explicou que não se tratam de produtos ilegais. "São todos cremes de massagem, nenhum material ilícito, até porque todo aquele material vai para a perícia ainda e a perícia vai constatar que não tem nenhum material ilícito ali."