Topo

PM apura assédio de coronel contra menor: 'seria errado se fosse 13 anos'

Abinoan Santiago

Colaboração para Universa, em Ponta Grossa

11/06/2020 16h49

O comandante-geral da Polícia Militar do Acre (PMAC), Ulysses Araújo, determinou ontem a abertura de procedimento administrativo pela Corregedoria para apurar um assédio supostamente praticado por um coronel contra uma menina que teria 15 anos. O caso ocorreu em Rio Branco e parte da cena foi gravada pela vítima.

O vídeo veio à tona nas redes sociais na segunda-feira (8) pelo perfil "#Exposed Rio Branco", criado para denunciar supostos assédios sexuais sofridos por internautas. Nas imagens, o homem, que estaria dentro de um carro, aborda a adolescente na rua e pergunta se pode pegar o contato de telefone dela. A menina recusa e diz que tem "apenas 15 anos". O oficial retruca que "não tem problema".

A menina, então, responde: "tem problema, sim. O senhor parece ser mais velho". Neste momento, o oficial indaga a garota se ela já namorou e afirma que "seria errado se fosse 13 anos".

Uma amiga da adolescente assediada é quem teria realizado a denúncia na rede social por meio do perfil "Exposed Rio Branco". Ela conta que a vítima iniciou a conversa porque o coronel parou o carro indicando que queria alguma informação. O oficial ainda a teria seguido depois de perceber que estava sendo filmado.

Depois da publicação, outras internautas disseram também ter sido vítimas do suspeito.

"Conheci pela voz. Esse cara já me abordou na rua com uma amiga, de manhã cedo. Engraçado que ele já se apresenta como advogado e policial e quis pagar a gente para "curtir" um pouco com ele", publicou uma mulher.

Segundo a Polícia Militar do Acre, "assim que tomou conhecimento, [o comandante-geral] determinou a abertura de um procedimento apuratório" e que "neste caso, o coronel em questão está na condição de investigado".

O caso também é acompanhado pelo Centro de Atenção à Vítima (CAV), do Ministério Público do Acre. Uma mulher já teria procurado o órgão para denunciá-lo e outras estão em contato.

"Como o caso repercutiu nas mídias sociais, nós estamos ouvindo as vítimas para saber o que aconteceu e entender se houve crime. Estamos tomando conhecimento dos fatos", afirmou o CAV a Universa.

A reportagem não conseguiu contato com o suspeito. Na edição da noite de ontem do Jornal do Acre, da Rede Amazônica, afiliada Rede Globo, o oficial não quis gravar entrevista e mandou um áudio se explicando. Ele não negou que era a mesma pessoa do vídeo e minimizou o fato.

"Qualquer pessoa pode tirar todo de um carro e colocar, expondo essa pessoa. Se me perguntar: 'em algum momento você já falou com alguém em algum lugar?' Claro. Eu sou um ser humano como qualquer outro e posso falar com qualquer pessoa em qualquer lugar. Qualquer homem pode falar com qualquer mulher. Não significa que você está querendo namorar essa pessoa, você pode conhecer", se defendeu.