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Morte de militar dos EUA no Iraque ainda é um mistério 15 anos depois

LaVena Johnson, sargento do Exército dos Estados Unidos que morreu no Iraque em 2005 - Facebook
LaVena Johnson, sargento do Exército dos Estados Unidos que morreu no Iraque em 2005 Imagem: Facebook

De Universa, em São Paulo

04/06/2020 16h49

Quinze anos após sua morte no Iraque, a história de LaVena Johnson ainda é relembrada em sites de causas feministas como um crime sexual no Exército dos Estados Unidos que foi "maquiado" e continua sem solução.

Pouco antes de completar 20 anos, a jovem sargento americana, que servia em Balad, no Iraque, foi encontrada morta dentro de uma tenda, em julho de 2005. O Exército informou à sua família que ela tinha tirado a própria vida com um tiro de fuzil na boca e sugeriu que o funeral fosse realizado com um caixão lacrado.

Inconformados com a situação, os pais da moça decidiram que iam fazer a cerimônia com o caixão aberto, e foi aí que passaram a duvidar da versão oficial sobre sua morte.

Pouco antes de morrer, LaVena telefonou para casa dizendo que estaria de volta para o Natal. Estava ansiosa para decorar a árvore e passar tempo com todos.

Alguns dias após essa ligação, a família Johnson recebeu a visita de um soldado. Ele estava lá para dizer a eles que LaVena havia morrido, que tinha se suicidado, o que pareceu incomum ao pai, ex-militar, já que eles tinham acabado de se falar e nada sinalizava que ela tiraria a própria vida.

Fotos contradizem versão oficial

De acordo com a versão apresentada pelo Exército à família, no dia de sua morte, LaVena saiu do trabalho em algum momento entre 16h e 17h, mas nunca chegou ao seu compromisso de treinamento físico. Ela teria se encontrado com um soldado do sexo masculino, ficou cerca de quatro horas no quarto dele, e depois os dois foram para a área comercial, antes de encerrar a noite e seguir caminhos separados.

De madrugada, à 1h20, seu corpo foi encontrado na tenda de um empreiteiro em uma poça de sangue com uma das mãos cobrindo o rosto. Ao lado de seu corpo havia um fuzil M-16 e alguns papéis espalhados.

Após a realização da autópsia, a morte de LaVena foi oficialmente declarada como suicídio. Foi apontado que ela tinha queimado cartas do namorado e depois se matado com um tiro na boca.

No funeral, porém, era possível ver que o nariz de LaVena parecia ter sido quebrado e seus lábios, cortados. O único sinal de um ferimento de bala era um pequeno buraco no lado esquerdo da cabeça. O ferimento de entrada também parecia vir de uma arma de calibre 9 milímetros, não de um M-16.

As luvas de LaVena foram coladas em suas mãos, o que não era um protocolo normal. Quando o pai de LaVena finalmente teve acesso ao relatório da autópsia, meses depois, surgiram mais informações suspeitas.

Uma investigação paralela foi contratada pela família, e o pai da jovem conseguiu descobrir que nenhuma testagem foi feita para estupro e nenhuma raspagem de unha. Era evidente que o médico legista que conduziu os exames no corpo já havia determinado com antecedência que a causa da morte era suicídio.

Documentos oficiais sobre o caso, que incluíam fotos originais, coloridas, da cena do crime, mostravam que LaVena tinha graves danos no rosto, como se tivesse sido atingida por um objeto contundente. Seu nariz estava quebrado, ela tinha um olho roxo e dentes soltos, e algum tipo de líquido corrosivo havia sido derramado em seus órgãos genitais, provavelmente para destruir qualquer evidência de DNA.

O ferimento de bala também foi inconsistente com o suicídio. O pai de LaVena não acreditava que os braços de sua filha de 1,80 m fossem longos o suficiente para puxar o gatilho de um M-16 apoiado entre as pernas, como descrito no relatório do Exército.

O Exército disse que não fez a testagem para estupro porque não parecia haver evidência de luta corporal.

Até hoje, a família Johnson ainda está busca respostas do Exército. Embora não houvesse nenhuma nota de suicídio, nenhuma bala recuperada e nenhum resíduo significativo em suas mãos de disparo de arma de fogo, o Exército alega que ela estava deprimida e perturbada dias antes de sua morte e que cometeu suicídio.