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Carmen Lúcia diz que machismo está 'introjetado' no país, inclusive no STF

7.nov.2019 - A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal - Carlos Alves Moura/SCO/STF
7.nov.2019 - A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal Imagem: Carlos Alves Moura/SCO/STF

De Universa, em São Paulo

01/06/2020 18h49

A ministra do Supremo Tribunal Federa, Carmen Lúcia, afirmou que o Supremo Tribunal Federal é tão machista quanto o Brasil e que o machismo é "próprio da sociedade".

Questionada pela Marie Claire sobre o grau de machismo do STF, a ministra respondeu: "É o [mesmo] da sociedade".

"Meus colegas são muito gentis e nos damos muito bem. Mas o machismo é próprio da sociedade, tão introjetado que não se sabe que está praticando aquilo. Não há agressividade, ofensa. Há uma sociedade machista, preconceituosa que ao criticar ou elogiar não o faz em razão de desempenho, mas em razão do autor da prática", disse.

Carmen Lúcia foi a primeira mulher a entrar de calça no Supremo Tribunal Federal, em 2007, depois que uma jornalista foi impedida de trabalhar por usar a mesma peça.

Ela também foi a primeira a ocupar o posto de presidente do Supremo, entre 2016 e 2018, período em que repreendeu o ministro Luiz Fux por interromper a colega Rose Weber diversas vezes durante uma sessão.

Apesar de afirmar que a violência contra o Supremo aumentou muito durante o governo Bolsonaro, ela cita um episódio anterior ao responder qual foi a pior agressão que sofreu em 14 anos na instituição: a sessão que legalizou o aborto de fetos anencéfalos, em 2012.

"Ao final, quando foi proclamada a decisão — fui um dos votos a favor da interrupção da gravidez — um grupo gritou muito contra mim especificamente, por eu ser mulher e ter votado à favor. Não agrediram os homens", lembra.