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Repórter americana revela que sofreu estupro coletivo na Primavera Árabe

Lara Logan - Getty Images
Lara Logan Imagem: Getty Images

De Universa

14/04/2020 21h31

Em entrevista ao site Newsweek, a repórter norte-americana Lara Logan revelou que foi estuprada por uma multidão de homens enquanto fazia a cobertura jornalística da renúncia de Hosni Mubarak pela CBS News.

Em outras oportunidades, Lara teria falado sobre o que ocorreu para dois veículos de comunicação que, por razões políticas, preferiram não noticiar o crime.

O caso aconteceu no dia 11 de fevereiro de 2011. Lara estava em Cairo, no Egito.

"As pessoas estavam comemorando. Parecia uma multidão pró-americana. De repente, nosso tradutor virou para mim com um olhar de puro terror e disse: 'Corra, corra!' Senti pessoas agarrando entre as minhas pernas. Fiquei bastante atordoada. Nossa segurança, Ray Jackson, e o resto de nós correu, e outros na multidão estavam correndo conosco. Pensei que estávamos fugindo, mas alguns dos homens correndo junto de nós se tornaram meus estupradores".

"Ray me disse para ficar de pé e me agarrar nele. Se eu fosse derrubada, morreria. Lutei contra o ataque da melhor maneira possível por 15 minutos, mas eles arrancaram todas as minhas roupas e me estupraram com as mãos, com mastros de bandeira e com paus. Eles me sodomizaram várias vezes. Estavam lutando pelo meu corpo. Houve um momento em que desisti e não pude mais me segurar em Ray, mas fiquei pensando nos meus dois bebês".

"Era tão difícil respirar; havia tanta pressão na minha caixa torácica. Eles tentaram arrancar meus membros. Eu caí e não consegui me levantar. Foi um frenesi louco para um pedaço de mim. Eles arrancaram cachos do meu cabelo. Nesse caos, fui arrastada para uma área onde mulheres e crianças estavam acampadas e protestando. Caí no colo de uma mulher. Estava nua e histérica e alguns garotos se colocaram entre os homens e essa mulher egípcia. As pessoas jogaram roupas para mim. Era incrível que eu pudesse estar tão humilhada enquanto estava tão perto da morte. O momento em que pensei que tudo estava perdido foi quando soltei Ray, mas percebi depois que ele foi forçar o exército egípcio a me procurar".

Depois, Logan lembra-se de ter sido envolta em uma capa usada por mulheres da região e transportada para um jipe, onde se reuniu com sua equipe. Um médico a sedou em seu hotel; ela foi levada de volta para os EUA e passou os próximos quatro dias hospitalizada. Por fim, disse ter recebido uma ligação do então presidente dos Estados Unidos Barack Obama para falar sobre o ocorrido.