Foto reacende polêmica e especialistas afirmam: desfralde não é competição
A discussão sobre o desfralde coletivo, — nome dado à prática nas escolas de iniciar a retirada da fralda em um grupo de crianças — voltou à tona com a repercussão gerada por uma foto postada no Instagram em que aparecem várias fotos de crianças e, embaixo de cada uma, uma fralda, um cueca ou uma calcinha.
O painel foi criado para mostrar quais alunos da escola já haviam parado de usar a fralda. A prática, porém, não tem lógica biológica e pode representar um castigo social para a criança, que vai enxergar o processo como uma competição.
O que dizem os especialistas
Mariane Franco, presidente do Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), afirma que o desfralde deve ser feito em um momento de intimidade familiar.
?É uma transição na vida da criança. Requer dedicação dos pais e paciência. É preciso que aconteça no tempo certo, geralmente a partir de dois anos e meio, quando, normalmente, a criança já comanda os esfíncteres [estruturas que controlam a abertura e o fechamento da uretra e do ânus]?, diz.
Ainda assim, é importante que exista uma parceria entre os pais e a escola para ajudar a criança nesse momento de sua vida. Segundo Maria Amparo Martinez, pediatra do Hospital Santa Catarina, em São Paulo, estar entre iguais e acompanhar o processo dos colegas é construtivo para as crianças. "Elas pensam: 'Acho que também posso fazer igual'", fala.
A instituição pode colaborar incentivando a manutenção de tudo o que a criança já conseguiu com a família e comemorando os menores movimentos de sinalização da vontade de fazer cocô e xixi. "Esse, sim, é um processo seguro", diz Mariane, da SBP.
Assim, a orientação é que os educadores incentivem o início da retirada da fralda, mas só quando perceberem que a criança mostra estar preparada para ser desfraldada. Além disso, é necessário conversar com os pais a respeito antes de qualquer atitude. O que a escola não pode fazer é criar um processo igual para todas as crianças, desprezando a individualidade e o tempo de cada uma.
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