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Mulher morta pelo marido enviou pedido de socorro antes de ser assassinada

Alex Betti, de 35 anos, matou esposa após descobrir traição - Reprodução
Alex Betti, de 35 anos, matou esposa após descobrir traição Imagem: Reprodução

Marcelo Casagrande

Colaboração para o UOL, em Araçatuba

31/03/2020 18h17Atualizada em 01/04/2020 17h24

Uma técnica de enfermagem de 24 anos foi assassinada a tiros pelo marido, na própria casa, ontem à noite, em Martinópolis, a 555 km de São Paulo. O crime aconteceu após uma discussão provocada por ciúme. Vizinhos ligaram para o 190 assim que escutaram a briga e os pedidos de socorro de Renata Alves.

Alex Betti, de 35 anos, estava na cena do crime quando a polícia chegou. O agente penitenciário ameaçou se matar para não ser preso. Ele só se entregou cerca de três horas depois de uma intensa negociação com policiais militares, já na madrugada de hoje.

Em depoimento ao delegado Airton Roberto Guelfi, o agente penitenciário disse que perdeu a cabeça durante a discussão. "O autor descobriu uma suposta traição [da esposa] o que desencadeou a briga. Em um determinado momento, a vítima gritou por socorro", esclarece.

A reportagem do UOL apurou que Renata enviou mensagens de texto para parentes, pouco antes de ser morta. Uma das pessoas que recebeu o pedido de socorro chegou a ir até a casa de vítima, mas não conseguiu evitar a tragédia.

"Logo depois, o autor pegou a arma de fogo que mantinha regularmente em casa e efetuou três disparos contra a vítima que estava na sala. Ela morreu no local", afirma o delegado. A arma usada no assassinato é um revólver calibre 38 legalizado e com registro válido.

Renata e Alex estavam casados há apenas 11 meses - Reprodução - Reprodução
Renata e Alex estavam casados há apenas 11 meses
Imagem: Reprodução

Estava afastado do trabalho

Alex que já trabalhou como enfermeiro em hospitais, entrou para o sistema prisional em setembro de 2018. Mas, de acordo com a polícia, estava afastado do trabalho há quatro meses: "Ele alegou que estava afastado por problemas psicológicos".

A Secretaria Estadual de Administração Penitenciária de São Paulo informou ao UOL que Alex Betti atuava no Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Bernardo do Campo. Ele ficou afastado entre 08/08/2019 e 08/01/2020, três vezes intercaladas, por atestados de transtorno de adaptação e episódio depressivo leve.

"A partir de 08/01/2020, o agente de segurança penitenciária recebeu afastamento ininterrupto, após apresentar atestado por ansiedade generalizada, e episódios depressivos moderado e grave", complementa a nota.

A Secretaria explicou que desde o primeiro afastamento, a Carteira de Identidade Funcional, que dava o direito de Alex Betti portar arma, foi recolhida pela unidade prisional. "Entretanto, o servidor tinha posse de arma e armamento particular, registrado na Polícia Federal. Nesse caso, por ser um bem particular, não pode ser recolhido ou apreendido sem determinação da autoridade policial", diz a nota.

Sem histórico de brigas

Renata e Alex estavam casados há apenas 11 meses. A Polícia Civil questionou parentes e vizinhos sobre o relacionamento do casal. "Aparentemente era um casal que vivia bem e de maneira harmoniosa", disse o delegado.

Nas redes sociais, Alex fazia questão de exibir o relacionamento. Grande parte das fotos são do casal. No último dia 20/03, o agente penitenciário postou um registro da cerimônia religiosa, beijando Renata no dia casamento. Foi a última postagem antes de matar a esposa.

Pouco tempo depois do crime ganhar repercussão, o perfil de Alex no Facebook começou a receber uma série de mensagens de pessoas revoltadas. "Até quando mulheres vão morres nas mãos de animais como você? Conviva agora com o remorso pelo resto de sua vida", disse um deles.

Alex Betti foi levado hoje à tarde para o Centro de Detenção Provisória de Caiuá, a 627 km de São Paulo.