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Coronavírus deixa Mariana Hein presa em Berlim: "Voltei limpando o avião"

Mariana Hein, presa em Berlim após evento na Índia - Reprodução Instagram
Mariana Hein, presa em Berlim após evento na Índia Imagem: Reprodução Instagram

Ricky Hiraoka

Colaboração para Universa

24/03/2020 04h00

A apresentadora e instrutora de desenvolvimento pessoal Mariana Hein, conhecida por ter sido repórter do "Vídeo Show", programou, há um ano, uma viagem para Índia para fevereiro deste ano. Sua ideia era participar de um evento com foco na evolução pessoal e, de lá, passar uns dias em Berlim antes de voltar para casa.

Mariana foi ao evento, mas, na volta, ficou presa na Europa por causa do caos provocado pela expansão do coronavírus. No relato abaixo, ela fala sobre o medo de não conseguir retornar — e como a espiritualidade a ajudou a manter a calma.

"Fui para Índia em 2019 e me programei, há um ano, para voltar em 2020 e participar do Festival da Abundância, um evento que celebra a conexão entre a consciência individual e a consciência universal. Quando cheguei lá, em fevereiro, as notícias sobre o novo coronavírus, que se espalhava na China, começavam a aparecer.

Mariana Hein na Índia - Reprodução Instagram - Reprodução Instagram
Mariana Hein durante festival na Índia: chineses não compareceram
Imagem: Reprodução Instagram

Estávamos em 400 pessoas. O esperado era o dobro de participantes, mas, dessa vez, os chineses não foram. Geralmente eles lotam o Festival da Abundância. Conforme recebíamos notícias sobre a evolução do covid-19, íamos sempre mentalizando muita luz e energia para as pessoas na China e de outros lugares que enfrentavam dificuldades, para que a mente da humanidade ficasse em paz nesse momento.

De um dia para o outro, só mercado e farmácia abertos

Faltavam quatro dias para o meu voo de Chennai, na Índia, para Berlim, cidade que tinha planejado visitar, quando a Itália fechou as fronteiras e aeroportos. Como a Alemanha também estava entre os países de risco, tentei alterar minha passagem e ir direto da Índia para o Brasil. Mas, como nada era oficial ainda sobre a situação alemã, não consegui fazer a mudança e acabei indo a Berlim.

Quando cheguei, museus, cinemas, teatros e galerias tinham acabado de fechar por tempo indeterminado. A cidade estava bem vazia e muita gente fazendo home office. Todo dia, tentava remarcar minha passagem de retorno, que estava prevista para dia 27 de março.

Fiquei com medo de a Alemanha, a Inglaterra, onde eu tinha escala, ou o Brasil fecharem os aeroportos e eu ficar presa em Berlim e não voltar para casa. Ainda não havia ordens extremas não ir para a rua. Recomendavam somente evitar aglomerações e lugares fechados.

Mariana Hein em Berlim - Reprodução Instagram - Reprodução Instagram
Imagem: Reprodução Instagram

Então, saí a pé para conhecer o centro histórico, que estava totalmente vazio em plena sexta-feira. Dei umas voltas a pé em locais abertos enquanto ainda não tinha a ordem de recolher. Os dias estavam lindos, com sol e temperaturas boas para o inverno alemão, então, tinha gente na rua, nos parques...

Não senti clima de pânico em Berlim. Conversei com algumas pessoas às quais pedi informações e fui respondida normalmente. De um dia para outro, restaurantes e lojas fecharam suas portas e anunciaram promoções para compras online, isentando taxa de entrega. Consegui antecipar minha volta em uma semana e, quando saí de Berlim no dia 20, somente supermercados e farmácias estavam funcionando.

No voo de volta, vim limpando tudo o que ia tocar

Na volta para o Brasil, vim limpando o assento do avião, braços, janela, mesinha, cinto de segurança, tudo o que eu ia tocar. Depois, passei álcool gel nas mãos e coloquei uma máscara.

No voo de Berlim para Londres tinham dez pessoas. O aeroporto Tegel estava bem vazio. Todos nós mantendo distância de dois metros uns dos outros. E bastante silêncio também.

Cheguei ao Brasil no sábado, dia 21. Por todas as informações que eu pesquisei, que conversei com médicos, sobre como pegar e como transmitir, por todo o cuidado que tive e estou tendo e por me manter calma acredito que estou limpa.

Eu só não permito que o medo guie minhas escolhas e decisões. É claro que nosso instinto de sobrevivência grita nesse momento, mas se eu entrar em pânico é aí que coloco a mim e a todos em risco. Agora fico 15 dias sozinha em quarentena e dá-lhe higienização e meditação.

Nesse momento o que mais precisamos é manter a calma e visualizar o mundo curado, as pessoas saudáveis e alegres. Entrar na onda do medo só vai piorar as coisas. Está na hora de aproveitar a quarentena para mudar hábitos. Só assim o vírus vai parar."