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"Crueldade imensa", diz mãe de ex-modelo achada morta acorrentada em rio

Simone da Rocha, ex-modelo encontrada morta e acorrentada em rio Imagem: Arquivo Pessoal

Abinoan Santiago

Colaboração para Universa

19/03/2020 04h00

A dona de casa Marinês da Rocha, de 52 anos, encontra no filho caçula de 9 anos a força para reerguer a vida em Palmas, a 377 quilômetros de Curitiba. O garoto virou a sua principal motivação para levantar da cama depois do assassinato brutal da filha mais velha, Simone da Rocha, 28. Ela foi encontrada morta em 11 de março no rio Irani, em Xanxerê, Santa Catarina. Seu corpo estava boiando com uma corrente, um cadeado e peças de carro em volta do pescoço.

O único suspeito apontado pela Polícia Civil é o empresário do ramo automotivo Adir Barbosa Martins, 52. Ele se matou em 5 de março, um dia depois de Simone desaparecer. Ambos tiveram um curto relacionamento e estavam separados. A investigação nem a família da vítima sabem precisar por quanto tempo o casal esteve junto e quando ocorreu a separação.

"A ficha está caindo a cada dia. Tenho um filho de 9 anos e resgato minhas forças nele porque ele ainda depende de mim", afirma a mãe.

"Esse assassino foi um monstro com milha filha. Não havia necessidade dessa barbaridade, que não dá nem para acreditar que fez sozinho. Foi uma crueldade imensa, algo que não vi nem em filme de terror. O caixão veio até lacrado e nem pudemos vê-la pela última vez depois da morte", lamenta.

Ligação com a ex-enteada e sonho de ser mãe

Simone teve o seu primeiro relacionamento aos 14 anos. O casal ficou junto por 10 anos e, nesse tempo, a jovem e a enteada do companheiro criaram "uma relação de muito amor", conta a mãe da vítima.

A separação ocorreu quando Simone tinha 24 anos. O fim do relacionamento a fez sofrer muito e ela desenvolveu depois uma depressão, doença que a afastou ainda mais da garota, que mora em Curitiba (PR). Simone havia se mudado para Xanxerê em 2019 com a pretensão de recomeçar a vida.

Lá, começou a compartilhar com familiares e amigos próximos a vontade de engravidar. "Ela falava muito dessa enteada. Depois que a conheceu, passou a ter o sonho de ser mãe. Sempre gostou de criança e quis ter o seu próprio filho", conta Marinês.

Relacionamento possessivo

Imagem: Arquivo Pessoal

Foi em Xanxerê que Simone conheceu o empresário Adir Barbosa Martins. Segundo a Polícia Civil, o suspeito tinha histórico de violência contra a mulher.

Considerado um sujeito ciumento, cumpriu pena por tentativa de homicídio ao atirar por duas vezes em 2015 contra uma ex-namorada durante um evento em um bar da cidade catarinense.

A polícia não soube informar quanto tempo o empresário ficou preso e desde quando estava em liberdade, mas afirma que o suspeito cumpriu a pena.

De acordo com a mãe de Simone, o relacionamento entre eles não foi duradouro. Os dois se conheceram quando a jovem conseguiu um emprego de secretária na empresa do suspeito. Marinês não sabe informar quanto tempo eles permaneceram juntos, mas supõe que "não durou meses" por causa da atitude possessiva do homem.

"Não sabemos de muita coisa sobre esse relacionamento, mas a Simone não queria mais nada com esse homem, que era muito ciumento", relata a mãe. "Quando ela veio a última vez em casa, não contou nada para mim, mas disse para uma tia que ele a perseguia."

Ex-modelo, desfilou na adolescência

A mãe acredita que parte do ciúme do suspeito era decorrente da beleza de Simone. Sua filha, diz Marinês, chegou a desfilar como modelo na adolescência. Antes de morrer, a jovem atuava como vendedora de cosméticos e roupas de forma autônoma.

"Era uma moça muito bonita. Nunca mais irei ver alguém tão perfeito, com o rosto e corpo tão bonitos. Chegou a ser modelo quando tinha 13 anos, mas atualmente trabalhava com vendas por conta própria", conta a mãe, que diz não ter explicação para o momento em que vive.

"Não desejo para ninguém o que ocorreu com a milha filha. É muito revoltante pensar no que aconteceu e maneira como foi."

Romance não correspondido

A Universa, o delegado Albino de Araújo informou sustentar a tese de crime de feminicídio em razão das circunstâncias que antecedem ao crime. O suspeito era considerado ciumento e depoimentos apontam que ele queria reatar o romance não correspondido por Simone.

"A linha de investigação aponta para um feminicídio. Era um relacionamento amoroso conturbado, e ultimamente a vítima não tinha mais interesse em continuar. O suspeito já atentou contra a vida de outra companheira pelo mesmo motivo. Foi preso, condenado e cumpriu a pena. Nos últimos anos, retornou à sociedade e era considerado tranquilo. Porém, tinha esse problema de ser possessivo com as mulheres", afirma.

Simone sumiu ao sair de casa em 4 de março e o corpo foi achado no dia 11 do mesmo mês. A Polícia Civil aguarda os laudos do Instituto Médico Legal (IML) para confirmar as causas, mas adiantou a constatação de traumatismo craniano na vítima.

"Isso nos leva a crer que ele a matou e depois jogou no rio. Antes, havia a dúvida se a morte era por afogamento em razão do peso amarrado no corpo", pontua o delegado.

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