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No Reino Unido, grávida espanhola relata ameaça; ativistas culpam Brexit

Grávidas no Reino Unido teriam morrido após ameaça relacionada ao Brexit - iStock
Grávidas no Reino Unido teriam morrido após ameaça relacionada ao Brexit Imagem: iStock

De Universa

14/03/2020 16h06

Uma espanhola grávida revelou que o Serviço Nacional de Saúde enviou carta avisando que seus dados seriam compartilhados com o Ministério do Interior se ela não provasse que tinha o direito de estar na Grã-Bretanha —apesar de ser uma cidadã da União Europeia que vive no Reino Unido há anos. A mulher de 34 anos, que prefere não se identificar, disse que temia que a atitude atrasaria seus cuidados com ela e o bebê, no serviço gratuito de saúde.

Ativistas alertaram que esse tipo de carta vem sendo enviado a um grupo muito maior de mulheres —que inclui cada vez mais cidadãos da UE— após o voto do Brexit e por causa das políticas hostis do governo. Eles começaram a fazer essa denúncia após a morte de três mulheres grávidas serem diretamente vinculadas ao rigoroso sistema de cobrança do governo conservador, em um relatório publicado em dezembro. É que essas mulheres demoraram para serem atendidas, conforme informa o "The Independent". A espanhola grávida teria dito ao site:

"Fiquei muito surpresa e ansiosa quando recebi a carta. Fiquei preocupada porque ouvi muito sobre o Brexit e isso me fez ter dúvida sobre o acesso ao tratamento médico gratuito. Há um tom ameaçador e intimidador na carta. Não é necessário nem é bom pressionar qualquer mulher grávida".

E continua:

"Se, por algum motivo, eu não conseguisse responder à carta dentro do prazo, meu tratamento seria adiado. E se eu não pudesse enviar todos os documentos dentro do prazo, meu tratamento teria parado. Além disso, eles disseram que compartilhariam meus dados com o Ministério do Interior. Tenho sorte de ter uma gravidez saudável. Não consigo imaginar o impacto que uma carta como essa teria se não tivesse. Quando meu assistente entrou em contato com o hospital, eles disseram que era uma carta que estavam enviando para todo mundo".

Ela disse ainda ao jornal que que o NHS a deixou em paz depois que forneceu todos os documentos corretos e conseguiu receber assistência pré-natal gratuita, mas ficou impressionada com o fato de ter recebido a "carta agressiva".