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Juíza faz juramento para ser a primeira presidente da história da Grécia

8.dez.2019 - A juíza Ekaterini Sakellaropoulou, eleita primeira presidente mulher da Grécia - Eurokinissi/AFP
8.dez.2019 - A juíza Ekaterini Sakellaropoulou, eleita primeira presidente mulher da Grécia Imagem: Eurokinissi/AFP

De Universa, em São Paulo

13/03/2020 14h06

Ex-juíza da corte mais importante da Grécia, Ekaterini Sakellaropoulou fez hoje o juramento para se tornar a primeira presidente do país, em um momento histórico. Em meio à turbulência em relação ao novo coronavírus, ela participou de uma cerimônia no parlamento, que esteve quase vazio.

Ekaterini tem 63 anos e seu juramento foi em meio a poucos políticos e alguns jornalistas, uma vez que foram tomadas medidas para evitar aglomerações em meio à pandemia iniciada na China. Até aqui, a Grécia tem 117 casos confirmados.

A presidente afirmou que os gregos têm de manter os princípios democráticos e o respeito às leis, indo em direção a "um futuro de prosperidade que deixe espaço para todos nós".

Sobre a rivalidade com a Turquia, disse que a Grécia "tem sido chamada para um caminho agressivo, usando dor para ameaçar nossa soberania". A Turquia recentemente abriu portas a imigrantes. Alguns tentaram passar para o solo grego, causando problemas locais. A presidente prometeu vigiar suas fronteiras, ao mesmo tempo em que "cumpre o dever humanitário" que tem com o país.

"Espero que a eleição de uma mulher para a posição mais alta do país possa melhorar a posição de todas as mulheres na Grécia, na família e na sociedade. É hora das mulheres deste país perceberem que elas podem atingir seus sonhos e méritos sem terem obstáculos causados só por terem nascido mulheres", concluiu.

Quem é a presidente

Na Grécia, onde uma em cada cinco mulheres está desempregada, Sakellaropoulou abriu caminho quando se tornou a primeira mulher a liderar o tribunal administrativo mais importante do país em outubro de 2018, durante o governo do primeiro-ministro Alexis Tsipras.

"Sempre trabalhou firmemente pela justiça, pela proteção dos direitos individuais e pela neutralidade religiosa do Estado. Sua eleição recompensará os valores progressistas que sempre defendeu como juíza", elogiou Alexis Tsipras, agora líder da oposição de esquerda.

Juíza defendeu refugiados e minorias

Formada em direito constitucional e ambiental em Atenas e Paris, essa juíza defendeu os direitos dos refugiados, minorias e liberdades civis. Mas se destacou, acima de tudo, nos casos de proteção ambiental, nos quais sempre se preocupou em preservar os investimentos em uma Grécia atingida por uma década de crise.

Assim, a magistrada foi criticada por ter defendido um polêmico projeto de investimento de uma empresa de mineração canadense no norte do país. Sem militância política, essa feminista, divorciada e mãe de um filho, passa a ocupar a chefia do Estado.

Chefe de Estado e das Forças Armadas, o presidente têm funções bastante simbólicas na Grécia. Segundo a Constituição, pode declarar guerra, mas sempre sob a supervisão do governo.

"Esta nomeação é uma conquista estratégica e significativa que abrirá novas perspectivas para o futuro", considerou o editorialista Elias Maglinis no jornal conservador Kathimerini.