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"Desistir do sexo foi um grande alívio": mulheres falam como é o celibato

Catherine Gray diz que parou de se ver como um brinquedo após período sem sexo - Reprodução/Instagram
Catherine Gray diz que parou de se ver como um brinquedo após período sem sexo Imagem: Reprodução/Instagram

De Universa

28/01/2020 11h57

A autora do livro "A Inesperada Alegria de Ser Solteira" Catherine Gray desistiu de fazer sexo por um ano, em 2014. Numa entrevista ao "The Guardian", ela relata que dos 16 e 34 anos não passava mais de alguns meses solteira, mas se sentia incompleta e constantemente buscava aprovação das pessoas. E foi após um relacionamento fracassado, que durou seis meses, que ela desistiu de sexo e namoro.

Junto com Catherine, outras duas mulheres contam ao jornal inglês o que aprenderam com o celibato. E frisam que a escolha nada tem a ver com religião ou reprodução. No Brasil, recentemente, a ministra Damares Alves, do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, defendeu a abstinência sexual como um dos pontos do novo programa da pasta para o combate à gravidez precoce.

Catherine, por exemplo, fala sobre olhar mais para si após a escolha.

"Em vez de fazer o que meu namorado queria, descobri o que gostava, desenvolvendo um amor por ioga, fotografia e viagens. Eu me vestia de maneira diferente e não me importava mais em atrair homens. Comecei a me ver como uma pessoa —em vez de uma namorada ou um brinquedo sexual", descreve.

"Percebi que tinha um estilo de apego ansioso e que, se voltasse a namorar, precisaria mudar quem e como saio. Se me sinto insegura nos estágios iniciais de um relacionamento, sei que é porque estou namorando alguém que está emocionalmente indisponível, então me afasto, em vez de persistir", finaliza ela.

"Parei de ver homens como objetos sexuais"

A comediante Eleanor Conway também se diz melhor após experimentar o celibato. Viciada em bebida, drogas e homens, em 2014 ela desistiu dos dois primeiros, e investiu no aplicativo de encontros Tinder, conforme conta ao "The Guardian". Com o tempo, ela revela, os encontros tornaram-se uma chatice e o sexo casual, "um lixo". "Quanto mais sóbria eu ficava, mais difícil era o encontro casual. Era como se minha superpotência parasse de funcionar", ela fala.

A decisão pelo celibato veio em 2018, por 10 meses. "Surpreendentemente, foi um grande alívio. Eu parei de ver homens como objetos sexuais e mulheres como competição". Eleanor, que usou sua experiência para montar o espetáculo "Você pode me reconhecer do Tinder", finaliza informando que hoje consegue se concentrar em sua carreira. E que um relacionamento sexual, hoje, só acontecerá se houver uma conexão verdadeira com a pessoa.

"A melhor parte é que não há distrações"

A britânica Shirley Yanez desistiu do sexo em 2005, depois que sérios problemas de saúde levaram a uma histerectomia. Ela também teve dificuldades financeiras, que deram início a um período de autorreflexão e mudança de carreira.

"Não fui capaz de fazer sexo por um ano após minha operação. Mas percebi que preferia concentrar minha energia em outro lugar", ela explica. "A melhor parte de ser celibatário é que não há distrações. Posso me concentrar totalmente em minha paixão, meu propósito e meu trabalho.

Nesses últimos 15 anos, Shirley montou um negócio para apoiar a costura, e também oferece serviços de treinamento para jovens e sem-teto. Ela explica:

"Ensino os jovens sobre os benefícios positivos para a saúde mental do celibato. Nunca digo a eles o que fazer, mas falo com eles sobre a importância de tomar suas próprias decisões, em vez de serem influenciados pela mídia ou pela pressão dos colegas".

Yanez não descarta um relacionamento sexual, mas destaca que não é uma prioridade. "Mesmo que eu nunca busque sexo ou relacionamentos, meu estilo de vida realmente parece tornar os homens mais interessados em mim, pois eles veem isso como um desafio", ela conclui, antes de admitir que se sente confortável com sua decisão.