Topo

O que defendem as 2 mulheres que podem disputar a presidência dos EUA

As senadoras Elizabeth Warren (à esquerda) e Amy Klobuchar, pré-candidatas democratas à presidência dos EUA - Robyn Beck/AFP
As senadoras Elizabeth Warren (à esquerda) e Amy Klobuchar, pré-candidatas democratas à presidência dos EUA Imagem: Robyn Beck/AFP

Camila Brandalise

De Universa

21/01/2020 04h00

Há grandes chances de a eleição presidencial de 2020 nos Estados Unidos ser disputada por Donald Trump e uma mulher, a exemplo de 2016, quando o atual presidente concorreu com Hillary Clinton. A eleição será realizada em novembro e, atualmente, os pré-candidatos fazem suas campanhas para serem eleitos dentro de seus partidos — as votações internas, chamadas de primárias, começam em fevereiro.

Enquanto o partido Republicano vai se decidir entre Trump, o favorito, e outros três candidatos — o ex-congressista Joe Walsh, o ex-governador de Massachusetts Bill Weld e o empresário Rocky De La Fuente —, o partido Democrata deverá escolher um nome entre 12 pessoas. Pesquisas apontam seis democratas com mais chances de serem escolhidos, e dois deles são mulheres: as senadoras Elizabeth Warren e Amy Klobuchar.

No domingo (19), as duas ganharam um apoio de peso. O jornal "The New York Times" fez seu tradicional editorial apontando o candidato que apoiaria e, neste ano, escolheu dois: justamente Elizabeth e Amy. O endosso se deu, segundo o veículo, porque ambas são as que apresentam as ideias mais progressistas em diferentes áreas da administração pública e, por isso, estariam aptas a reestabilizar a democracia americana.

Os levantamentos de intenção variam de estado para estado, mas, em média, Elizabeth ocupa o terceiro lugar entre os pré-candidatos democratas, atrás de dois figurões da política americana, o ex-vice-presidente Joe Biden e o senador Bernie Sanders. Amy aparece entre o quinto e sexto lugar, dependendo da região.

Conheça a trajetória e as programas de governo das duas mulheres que poderão concorrer à presidência dos EUA neste ano:

Elizabeth Warren: "Capitalismo responsável" e plano anticorrupção

Elizabeth Warren - Mike Blake/Reuters - Mike Blake/Reuters
“Precisamos de mudanças estruturais para erradicar a corrupção de Washington", diz Elizabeth Warren
Imagem: Mike Blake/Reuters

Nome feminino mais bem posicionado na corrida presidencial até agora, Elizabeth Warren, senadora por Massachusetts, tem um plano de governo baseado em projetos para os trabalhadores e fala em implementar o "capitalismo responsável". "As grandes empresas devem se concentrar mais nos interesses de seus trabalhadores, não apenas em seus ricos acionistas", afirma em seu programa.

Por isso, ela apresenta planos voltados à criação de empregos e empoderamento de trabalhadores para negociação com patrões. Também bate na tecla da reforma política e diz que vai colocar em prática um plano anticorrupção. "Precisamos de grandes mudanças estruturais para erradicar a corrupção de Washington e fazer o governo funcionar para todos nós", afirma.

Aos 70 anos e senadora desde 2013, a política investe no discurso do patriotismo para ganhar eleitores que se identificam com um posicionamento nacionalista. Mas foca, principalmente, na classe média trabalhadora. Formada em Direito e especializada em direitos do consumidor e recuperação judicial, Elizabeth foi assistente do presidente Barack Obama e consultora especial da Secretaria do Tesouro. Foi dela a ideia para a criação da CFPB (Agência de Proteção Financeira do Consumidor, em tradução livre), em 2007, quando ainda era professora na Universidade de Harvard, onde lecionou entre 1995 e 2012.

Em relação às mulheres, pretende se dedicar à erradicação da mortalidade materna — cerca de 700 gestantes morrem anualmente por problemas na gravidez ou no parto. Também se posiciona a favor do aborto. "O Congresso deve aprovar novas leis federais que protegem o acesso aos cuidados reprodutivos", afirma. Em 2019, uma onda antiaborto tomou os Estados Unidos: pelo menos nove estados criaram leis para restringir o acesso público a procedimentos de interrupção de gravidez.

Amy Klobuchar: "A candidata que pode vencer Donald Trump"

Amy Klobuchar - AFP - AFP
Amy Klobuchar é considerada a senadora com mais projetos aprovados entre democratas no Senado e já enfrentou acusações de assédio moral de ex-funcionários
Imagem: AFP

Ainda que fique na lanterna entre os favoritos do partido Democrata, Amy Klobuchar, que está no terceiro mandato como senadora pelo estado de Minnesota, afirma ser a candidata que pode derrotar Donald Trump. Isso porque ela ganhou todas as eleições às quais concorreu, inclusive em estados em que Trump venceu Hillary Clinton por mais de 20% de diferença na última eleição presidencial.

Ao declarar apoio à sua candidatura, o "The New York Times" destaca o fato de Amy ter boa circulação entre grupos dos dois partidos. "Dada a polarização em Washington, a melhor chance de aprovar muitos planos progressistas poderia estar sob o governo Klobuchar", afirma o jornal.

Entre seus programas está o investimento em infraestrutura sustentável e mudança na legislação para baixar emissões de poluentes, que fazem parte do plano para aplacar a crise climática.

Amy também estuda mudar a legislação sobre posse, porte e venda de armas, como aumentar de 18 para 21 anos a idade mínima para comprar uma arma no estilo militar. Nesse sentido, ela pretende, como líder do Executivo, trabalhar em favor da aprovação da lei que impede uma pessoa que abusou de outra dentro de um relacionamento (física ou psicologicamente) de comprar armas, que está em tramitação.

Membro do Comitê Judiciário do Senado, é considerada a senadora mais produtiva dentro do partido Democrata, segundo o "NYT", em termos de número de projetos aprovados. Formada em Direito, trabalhou como promotora de Justiça e entrou para o Congresso americano em 2006, quando se tornou a primeira senadora eleita pelo estado de Minnesota.

Em 2019, ela foi acusada por ex-funcionários de ser "propensa a atos cruéis", fazendo com que fosse "difícil trabalhar com ela", segundo declarações anônimas ao site "HuffPost". Após a repercussão da história, ela se desculpou — e prometeu melhorar o comportamento.