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Dupla cria campanha contra gordofobia: "Carnaval pra gorda é horrível"

Campanha prega respeito à diversidade de corpos no Carnaval - Reprodução/Instagram
Campanha prega respeito à diversidade de corpos no Carnaval Imagem: Reprodução/Instagram

Luiza Souto

De Universa

16/01/2020 04h00

"Em 2017 estava num bloco muito famoso em Porto Alegre e começaram a falar: 'olha aquela gorda dançando. Como tem coragem?' Fui pra casa e não curti mais o Carnaval. O carnaval pra gente, que é gorda, é horrível".

Por causa de atitudes preconceituosas como essa, a modelo Luana Carvalho e a amiga Gabriella Morais, ativista e produtora de projetos relacionados aos direitos humanos, lançaram a campanha Carnaval Sem Gordofobia. A proposta é fazer um bloco só de pessoas gordas.

"Vamos juntar pessoas gordas e ir para os blocos para se divertir em grupo", ela planeja, antes de adiantar que já recebeu apoio do bloco carioca "Que pena, amor".

Luana afirma que a gordofobia pode impedir as pessoas de curtir um Carnaval, seja porque elas acabam não saindo de casa seja porque precisam estar em alerta o tempo todo. Ou seja: não relaxam.

Na sua avaliação, a personagem Globeleza, uma mulher magra e de corpo escultural, acabou contribuindo para o preconceito durante o Carnaval.

"Criou-se o imaginário de que a mulher ideal não tem celulite, é magrinha, e quando a gente vai a bloco ou à avenida é muito rechaçada. O estereótipo da Globeleza prejudica muito as mulheres de corpos diversos", aponta.

Uma seguidora da campanha, inclusive, questiona como seria uma Globeleza gorda.

Com uma semana de campanha nas redes, a página do Instagram já tem mais de mil seguidores. No Twitter, a hashtag #CarnavalSemGordofobia vem sendo compartilhada junto a histórias de discriminação. Gabriella, uma das idealizadoras, por exemplo, relata um caso de gordofobia.

O Carnaval se torna um espaço em que o preconceito sobre os corpos se amplifica. "Essa coisa de as pessoas falarem sem ter nenhum pudor e cuidado é muito humilhante, porque Carnaval é para aproveitar e ser livre, e quando vamos de fantasia, somos impedidos de nos divertir, porque a gente supostamente não está adequado para isso."