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Como Laura Neiva: quando é necessário fazer uma cesárea?

Laura Neiva dividiu uma foto do parto com seus seguidores - Reprodução / Instagram
Laura Neiva dividiu uma foto do parto com seus seguidores Imagem: Reprodução / Instagram

Ana Bardella

De Universa

09/01/2020 04h00Atualizada em 09/01/2020 18h13

"Me preparei para um parto normal desde o dia em que descobri que estava grávida (...). Meu trabalho de parto durou várias horas, fizemos todo o possível pra Maria vir ao mundo da maneira mais natural possível, mas, no fim, foi por meio de uma cesárea necessária que a Maria nasceu". Foi através desta postagem no Instagram que a atriz e modelo Laura Neiva dividiu com os fãs informações inéditas sobre o nascimento da filha com o ator Chay Suede, que aconteceu no dia 26 de dezembro.

Como no caso de Laura, há mulheres que criam expectativas sobre um parto natural, mas depois de horas sentindo as contrações, são obrigadas a mudar de planos e fazer uma cesárea. Outras, em menor porcentagem, já recebem durante a gravidez a notícia de que precisarão passar pela cirurgia. Mas o assunto é controverso.

"A cesárea salva vidas, mas não deve ser tratada como primeira opção. Como no Brasil existem médicos que fazem indicações desnecessárias para a cirurgia, o tema costuma gerar dúvidas entre as mulheres", opina Larissa Flosi, ginecologista e obstetra do Coletivo Nascer. A seguir, a médica lista as principais condições nas quais as cesáreas são realmente necessárias:

1. Problemas com a placenta

"Existe uma condição chamada placenta prévia. Nela, a placenta, que geralmente fica na parte superior do útero, se posiciona entre o bebê e a saída do colo - impedindo a passagem do feto. Nesse caso, a indicação é de que seja feita cesariana", exemplifica.

O descolamento prematuro é outro problema que pode implicar na realização da cirurgia. "Se ele ocorre antes do nascimento, o acesso aos nutrientes e a oxigenação do feto ficam prejudicados", detalha. Ainda assim, cabe ao médico avaliar o caso para decidir se a cesárea é indispensável.

2. Herpes genital

Se a lesão do vírus estiver ativa quando se inicia o trabalho de parto, pode ocorrer a transmissão da doença. Para evitar o contato, a cesárea deve ser considerada.

3. Posição transversal

"Também chamada de apresentação córmica, trata-se de uma condição incomum na qual o feto fica na posição transversal. Existem técnicas que ajudam o bebê a virar. Caso elas não funcionem, é mais seguro optar pela cirurgia", orienta.

4. Prolapso do cordão umbilical

É uma das condições que coloca a vida do bebê em risco. Ocorre quando o cordão umbilical se projeta para o lado ou para baixo antes do nascimento. Caso o bebê comprima de alguma forma o cordão, isso compromete a sua sobrevivência. Como a situação precisa ser resolvida com rapidez, a cesárea é o caminho mais indicado.

5. Crescimento fetal

"A recomendação internacional é de que, se o bebê está com o peso acima de 5kg, seja feita a cirurgia. Caso a mãe sofra com diabetes gestacional, o peso indicado para realização da cesárea cai para 4,5 kg", aponta.

Temas controversos

Quando a mulher já realizou duas cesarianas, existe a crença de que o terceiro filho deve nascer através da intervenção cirúrgica também. "No entanto, o assunto ainda está em estudo. Uma corrente médica defende que o risco de um parto normal seria o mesmo que o de uma terceira cesárea", pondera. Também devem ser avaliados com cuidado os casos de mulheres que já fizeram algum tipo de cirurgia no útero, como a retirada de um mioma. "É preciso buscar o histórico cirúrgico, analisando o tipo e a localização do corte, para saber se existe o risco do rompimento do útero ou se o parto pode ser normal".

E a falta de dilatação? Uma das campeãs entre as justificativas para realização de cesáreas, ela também precisa ser analisada com cautela. "As diretrizes para avaliar a progressão do trabalho de parto mudaram muito nos últimos anos. Antes, os médicos faziam o exame de toque a cada hora. Agora, a dilatação é medida a cada quatro horas. É preciso tempo para a fisiologia acontecer", relembra.