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Jesuíta Barbosa: "A criação que recebi me faz defender meu lado feminino"

Fabio Audi/Revista 29HORAS
Imagem: Fabio Audi/Revista 29HORAS

De Universa, em São Paulo

08/01/2020 15h24

Jesuíta Barbosa é um dos nomes da televisão brasileira que usa sua voz para debater discussões que abordam o gênero. Engajado em questões sociais, dentro e fora dos palcos, o ator dividiu algumas de suas reflexões sobre o tema em entrevista à revista 29HORAS.

No bate-papo, o pernambucano, de 28 anos, citou sua criação por mulheres como um dos principais pontos para que ele adquirisse tais perspectivas.

"Não me coloco como feminista porque sou homem e, portanto, não posso sê-lo. Não quero tomar para mim essa bandeira porque é delas. Minha função, também enquanto homem, é dar vigor ao poder feminino. A forma como eu me percebo hoje e a criação que recebi da minha mãe me colocam em função de defender o meu lado feminino, defender a mulher", argumentou.

Além disso, Jesuíta credita esse tipo de pensamento aos trabalhos feitos por ele no coletivo As Travestidas — composto por artistas de diversas áreas que se apresentavam como transformistas, comandado pelo ator Silvero Pereira.

"Entendi, na sociedade machista e violenta, que existe uma beleza e grandiosidade no feminino. Ela é tão absurdamente grande e fantástica que precisa ser condenada pela sociedade, porque do contrário ela toma para si mesmo o poder. O feminino é a energia mais poderosa do mundo".

O ator conclui seu pensamento colocando a educação como uma das principais ferramentas para combater e, sobretudo, "discutir gênero e entender as diferenças de sexualidade".

"Quando souberem que educar é conhecer a ciência [frearemos a reprodução de arquétipos como macho, fêmea, gay, hetero, homossexual]. Quando começarmos a discutir gênero e entender as diferenças de sexualidade, a sociedade será menos doente a mais acolhedora. A gente tem um déficit gigante na educação e não apenas em termos de sexualidade. Hoje, por exemplo, o acesso à arte tem sido restringido. Há cortes de incentivo ao audiovisual e a censura está dando as caras novamente no nosso país".