Influenciadoras sorteiam cirurgia plástica no Instagram e geram polêmica

Sorteios nas redes sociais são uma forma que influenciadores encontraram para ganhar mais seguidores e engajar as pessoas que já os seguem. Mas parece que o artifício foi longe demais. Algumas influenciadoras estão usando o Instagram para sortear intervenções cirúrgicas como próteses de silicone e abdominoplastia. A promoção tem gerado polêmica nas redes sociais.

A cantora MC Mirella está entre as criadoras de conteúdo que está oferecendo a intervenção, modeladores e massagens pós-operatórias. Além da artistas, as influenciadoras Maluzinha e Drika publicaram no feed as regras do sorteio, que incluíam seguir pelo menos 50 perfis diferentes no Instagram.

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Os comentários criticando o sorteio lembram que uma intervenção plástica deve ser feita com responsabilidade e com profissionais de confiança, não sorteada como um prêmio semelhante a um kit de maquiagem ou roupas. "Vocês têm noção da gravidade disso?", comentou uma jovem em um dos perfis.

Segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps), em 2017, o Brasil é o segundo país onde mais se realiza cirurgias plásticas no mundo - fica atrás apenas dos Estados Unidos. O implante de silicone é a cirurgia mais procurada pelos brasileiros. Dado de 2018 da Sociedade Brasileira de Cirurgias Plásticas (SBCP) mostra que 18,8% das intervenções cirúrgicas são para colocar seios, na frente de lipoaspiração (16,1%) e abdominoplastia (15,9%).

Porém, antes de entrar na faca, o médico-cirurgião do Hospital Albert Einstein e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Wendell Uguetto diz que este tipo de promoção é problemática do ponto de vista ético e médico. "Caso as influenciadoras estejam fazendo uma parceria com um cirurgião plástico, o profissional pode perder o CRM por estar fazendo propaganda do procedimento, o que é proibido pelos conselhos de ética", afirma Uguetto.

Em contrapartida, mesmo que a criadora de conteúdo pague o procedimento para a ganhadora, o sorteio compromete a tomada de decisão da paciente. "A pessoa fará a intervenção porque a ganhou, não porque precisa. E a decisão de fazer um procedimento é coisa séria, uma vez que ele oferece riscos de morte e o resultado estético pode desagradar o paciente."