Porteiro acha revistas de moda no lixo, abre agência e estrela documentário

Ele era porteiro em um prédio de Copacabana quando encontrou algumas revistas de moda jogadas no lixo. Ao folheá-las, o hoje empresário Júlio César Lima não achou em nenhuma delas as modelos que reproduzissem estilo, a cor de pele ou os cabelos da periferia onde morava.
Foi assim que Júlio criou a Jacaré Modas, e é um dos personagens retratados pelo cineasta Emílio Domingos no documentário "A Favela É Moda". Ao longo de quatro anos, o documentarista filmou a história de modelos e pessoas ligadas ao mercado fashion da comunidade na zona norte do Rio. Nas imagens há desde sonho com o sucesso nas passarelas a discussões sobre racismo, autoestima e falta de representatividade.
"Favela é Moda" estreou no Festival do Rio na última sexta. Ainda não há data para ser exibido para São Paulo.
Assista a um trecho de "Favela É Moda"
O início dessa jornada iniciada em 2015 também parece ter saído de um livro.
Com o sucesso dos dois documentários, Emílio recebeu um telefonema de um representante de uma grife de moda. Do outro da linha, ouviu uma proposta para escalar pessoas negras para uma campanha publicitária.
"A maioria da população brasileira é negra. Mas ele, como diretor de branding, não tinha esses contatos. Ali, ele me apresentou um problema. A maioria não é representada", relembra.
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