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Paloma, de Bom Sucesso, não sabe de quem gosta: o que fazer nessa situação?

Ela não sabe com quem deve ficar... - TV Globo/ João Cotta
Ela não sabe com quem deve ficar... Imagem: TV Globo/ João Cotta

Heloísa Noronha

Colaboração para Universa

12/12/2019 04h00

Na novela das 19h da Globo, "Bom Sucesso", Paloma (Grazi Massafera) está dividida entre três amores: Ramon (David Junior), o primeiro namorado que reencontra após anos; Marcos (Romulo Estrela), um novo amor, e Alberto (Antônio Fagundes), o mais maduro dos "crushes" e com quem ela constrói uma bela amizade.

Embora se sinta bastante mexida por Marcos, Paloma ainda não superou direito o término com Ramon. E, ao sentir ciúme da proximidade de Alberto e Vera (Angela Vieira), percebe que talvez nutra algo mais pelo empresário. Em meio a tanta indecisão, precisa ponderar também o que é melhor para os filhos: Alice (Bruna Inocencio), fruto de seu namoro com Ramon, e Gabriela (Giovanna Coimbra) e Peter (João Bravo), do suposto falecido marido — sim, suposto, porque o pilantra Elias (Marcelo Faria) deve ressurgir dos mortos para atormentar ainda mais a cabeça da loira.

Com as devidas diferenças, já que em muitos casos a vida real supera os acontecimentos da ficção nos quesitos criatividade e complicação, o dilema da heroína de "Bom Sucesso" tem semelhanças com conflitos vividos por muitas mulheres de carne e osso pelo Brasil afora. Não é fácil optar por um parceiro diante de possibilidades, pois não se trata apenas de pesar prós e contras. Toda escolha implica perdas e ganhos e é preciso maturidade e inteligência emocional para saber lidar com o que vai perder e o que vai ganhar.

A psicoterapeuta e terapeuta de casais Carmen Cerqueira Cesar, de São Paulo (SP), lembra que o fato de Ramon ter ido embora atrás de um sonho só dele é algo que empata a decisão de Paloma.

"Com Marcos ela tem vários pontos em comum, como a paixão por livros, mas ele sempre foi meio boêmio e curte muito a solteirice. Será que é alguém ideal para construir um vínculo saudável? Já Alberto propicia segurança e admiração, mas sua doença grave pode impedir algo mais e a relação ficar apenas na amizade. Nenhuma das situações, portanto, é perfeita. E também não se tem certeza absoluta sobre o que pode acontecer no futuro, mas saber ler os 'indicadores' e as 'pistas' podem orientar", observa a especialista, que sugere fazer o mesmo nos encontros e desencontros "de verdade".

Quem enfrenta um drama como o de Paloma precisa saber bem o que quer em um par. "Todas as pessoas têm defeitos e qualidades, então é necessário saber qual ponto forte ocupa o primeiro lugar na listinha de prioridades. Depois de algum tempo de relacionamento, qual qualidade num homem fará toda a diferença? Todos temos valores e, sem exceção, alguns são mais importantes do que outros na vida de cada um. Então, acho que um bom processo de escolha sempre leva em conta os seus valores primordiais", comenta Rejane.

Qual o tipo de amor desejado?

Outro fator importante a se considerar é o tipo de amor que uma mulher busca: sólido, carnal, romântico, maduro... A mulher tem que ter claro dentro de si mesma o que quer de uma relação. O que ela procura em alguém com quem pretende compartilhar a vida? Isso também depende, conforme Carmen, do momento de vida pelo qual está passando. "Um amor maduro pode ser ótimo, mas será que não é confundido com um afeto por uma figura paterna?

O amor sólido é aquele que envolve razão e emoção e que se sustenta no tempo. É o que tem mais chances de perdurar numa situação de construção de vida, casamento e filhos, por exemplo. Ele não deixa de ter emoção, mas conta com um lado racional e prático para dar conta dos projetos e do cotidiano", explica Carmen. O amor mais carnal, por sua vez, pode ser eletrizante, mas tem uma certa durabilidade e, em geral, não se encaixa bem nas situações mais difíceis do dia a dia, que também existem em todos os relacionamentos. O amor romântico é emocionante e, para Carmen, tem uma atmosfera de sonho e encantamento que tende a se dissipar com o passar do tempo, embora não por completo.

Na opinião da psicóloga clínica Rejane Sbrissa, de São Paulo (SP), o autoconhecimento é fundamental para fazer uma escolha sensata, pois permite que a mulher saiba, de fato, o que quer do futuro e que tenha uma visão clara se os pretendentes podem dar o que ela quer. "E mesmo que a escolha gere críticas, se for consciente e consistente não vai afetar em nada a decisão, porque o mais importante é ser coerente e verdadeira consigo mesma", diz.

Maturidade e senso de realidade também são imprescindíveis para que, independentemente da escolha, a mulher possa encarar com mais pé no chão a fase de idealização pela qual todo relacionamento passa. Além disso, embora seja impossível prever o que vai acontecer, uma certa projeção do futuro - daqui a dez ou vinte anos - ajuda a antecipar como será a relação. "Tem que imaginar isso e ponderar, pois cada situação levará a um caminho diferente e, obviamente, imperfeito. Todo mundo gostaria de unir TUDO num só relacionamento: maturidade, solidez, sexo maravilhoso, romantismo... Mas isso junto é muito difícil, praticamente impossível. Então, na hora da escolha, é necessário antever com quais ganhos e perdas consegue lidar", fala Carmen.

Razão ou emoção: o que pesa mais?

É melhor decidir com a razão, com a emoção ou com um mix entre as duas? Segundo as especialistas, o melhor é tentar fazer uma "mistura". A razão, como é o caso de Paloma, ajuda a olhar para relacionamentos passados e entender o que funcionou ou não e o que ela está disposta a repetir ou praticar de um jeito totalmente diferente. Já a emoção entra em cena para que a mulher avalie como se sente em relação a cada crush. "É comum que a mulher, nessas circunstâncias, ouça conselhos como 'siga seu coração'. No entanto, seguir essa dica pode resultar na escolha da pessoa mais intensa - e que um ano depois não vai mais estar na vida dela. Por outro lado, escolher avaliando apenas o lado racional pode culminar numa relação baseada mais na amizade. Os dois se tornam parceiros, mas com pouca química", avisa a terapeuta de relacionamentos Rosangela Matos, que atua com atendimento on line.

Além dos sentimentos e da conexão sexual, Rosangela recomenda levar em consideração outros três fatores: as finanças, os objetivos em comum e o aspecto emocional da outra pessoa. É preciso prestar atenção em como o pretendente lida com o dinheiro. Se é perdulário ou sovina, por exemplo, se leva a sério o próprio trabalho e quer crescer profissionalmente. "Sobre os objetivos, cabe perguntar: quem tem planos mais parecidos com os seus? Se os sonhos são muito diferentes, alguém terá que ceder. Algumas coisas podem ser negociadas, é claro, mas existem decisões que podem mudar totalmente o rumo da vida, como mudar numa cidade grande ou pequena e ter filhos ou não", explica Rosangela, que sugere ainda avaliar o quanto os sujeitos são emocionalmente saudáveis. "Não adianta querer bancar a salvadora. Se a outra pessoa não está pronta para uma relação e você insistir nisso, ambos vão se machucar", diz.

Há, ainda, um quarto possível desfecho para a personagem de Grazi Massafera — e que também pode servir de inspiração para impasses da vida real: ficar sozinha. E essa resolução, de maneira alguma, significa se tornar uma mulher solitária e amarga. "Se existe dúvida entre dois ou três parceiros, talvez a indecisão revele que, provavelmente, nenhum deles seja o ideal. Nesse caso, nada melhor do que ficar sozinha e dar um tempo para refletir, se conhecer com maior profundidade e avaliar qual caminho quer tomar na vida", fala Rejane. Afinal de contas, só quem se conhece muito bem é capaz de iniciar uma relação saudável com alguém.

E vale ressaltar que escolher ficar só não é, nem de longe, uma opção de gente fracassada, muito pelo contrário. "Ficar sozinha é uma escolha corajosa que traz benefícios incríveis. É uma ótima oportunidade, por exemplo, para quem precisa se reencontrar, descobrir o que realmente quer, amadurecer e lidar com medos como o de ficar só. Aí, quiser namorar, vai entrar em uma relação pelos motivos certos e não por carência e insegurança", pondera Rosangela.