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Que frescura é essa: geladeirinha e ventilador para cosméticos funcionam?

Skincare mini fridge é vendida pela Urban Outfitters nos EUA por US$ 59,95 - Divulgação
Skincare mini fridge é vendida pela Urban Outfitters nos EUA por US$ 59,95 Imagem: Divulgação

Paula Roschel

Colaboração para Universa

23/10/2019 04h00

Geladeirinhas de mesa e ventiladores portáteis são objetos de desejo de quem ama rotina de beleza cheia de detalhes, gadgets e ferramentas. Eles são usados para manter os cosméticos fresquinhos e acelerar o processo de secagem de produtos aplicados em camadas. Mas será que funciona mesmo ou é frescura?

Uma pequena caixa de plástico simulando o desenho de um refrigerador retrô deixa, na opinião de muitas influenciadoras, qualquer cantinho de beleza mais atrativo. E não tem como fugir: é uma fofura mesmo.

Com charminho, o instrumento conquistou espaço em banheiros e penteadeiras pelo mundo com a alegação de promover uma experiência de skincare mais fresca e com ativos preservados por mais tempo.

Só que alguns especialistas da área de farmácia e engenharia química garantem que esse objeto pode botar seus cosméticos "numa fria", ao invés de ajudar a deixar o passo a passo de beleza poderoso.

Segundo a farmacêutica Karina Soeiro, a temperatura ambiente é a melhor amiga dos produtos de beleza e cuidados com a pele. "Antigamente, alguns ativos utilizados para a produção de cosméticos precisavam de refrigeração. Hoje, a grande maioria dos produtos é estável. Caso necessite de refrigeração, essa indicação vem destacada na embalagem," diz.

Colocar sob refrigeração um produto que não precisa estar sob temperatura controlada pode provocar desestabilização da fórmula de sua maquiagem favorita. "Além da geladeirinha ser uma grande bobagem, ela é perigosa. Se você tem uma emulsão ou um creme, por exemplo, essa fórmula provavelmente conterá partículas cerosas", alerta Sonia Corazza, engenheira química especializada em cosmetologia.

"Quando o creme é colocado em um ambiente de baixa temperatura e sem indicação, ele passa por um processo de desequilíbrio e cristalização, que o envelhece de forma acelerada, além de minimizar seu sistema preservativo", completa.

A especialista diz também que o ideal é manter o produto em sua embalagem original, longe de luz e umidade.

Ventinho extra

Já que a recomendação dos especialistas em relação à geladeirinha desanima quem gostaria de brincar com essa miniatura de eletrodoméstico, o que dizer sobre o uso de pequenos ventiladores portáteis para secar diversas camadas de produtos, prática tão comum entre quem adora os dez passos da rotina de skincare coreana, que ficou tão popular no Brasil?

Sorry, a notícia também não é boa. "A pele, que é uma estrutura viva, tem um tempo para absorver os ativos de fórmulas. Quem cria os cosméticos sabe desse tempo e os faz respeitando esse sistema natural. Quando você usa um ventilador para secar mais rápido essas camadas, diminui a possibilidade da pele de absorver corretamente o cosmético", indica Sonia.

A dermatologista Daniela Neves, de Belo Horizonte, também não vê vantagem no gadget. "Não vejo nenhum motivo técnico para o uso de ventiladores na aplicação de cosméticos. Não caberia em receituário dermatológico esse tipo de etapa, por exemplo", diz ela.

Já tem esses produtinhos na mão e agora está brava com a reportagem? Calma, o vento extra vai ser um alívio nos dias quentes para um refresco no trabalho e a geladeirinha pode ser um incentivo para uma bebida fresca sempre à mão. Que tal?