Mãe de Raíssa quer encontrar família de menor que a matou: "Não tem culpa"
Rosevânia Caparelli Rodrigues, 42, foi violentada pelo padrasto aos 11 anos, com o consentimento da mãe. Casou-se duas vezes. Foi espancada pelos dois maridos. Teve dois filhos. A mais velha, Raíssa Eloá, 9, foi brutalmente assassinada, e o principal suspeito é um menino de 12 anos. Numa tarde de domingo, dia 29 de setembro, o corpo da menina foi encontrado no Parque Anhanguera, na zona norte de São Paulo. Raíssa estava amarrada em uma árvore e muito machucada.
Com histórico de depressão, Rosevânia hoje vive sob efeito de calmantes. Na conversa com a reportagem de Universa, por telefone, demonstrou serenidade.
"Tenho que estar bem, né? Para cuidar do meu filho", ela diz, enquanto anda pela comunidade de Morro Doce, também na zona norte, à procura de um outro local para morar com o caçula, de cinco anos. Rosevânia recebe R$ 200 do Bolsa Família, não trabalha e pensa em sair do aluguel:
Meu ex-marido não me deixava trabalhar. E não posso morar com a minha mãe. Ela me maltrata, batia na minha filha, via meu padrasto me bater também. Nem chorou no velório da Raíssa. Já o pai dos meus filhos não dá pensão, não foi no enterro. Tenho cinco irmãos e recebo ajuda da família, de sobrinhos.
A mãe diz que se sentiu culpada nos primeiros momentos após a tragédia. Questionava-se por ter saído de casa naquele domingo. Era dia de festa no CEU Anhanguera, onde Raíssa e seu irmão estudavam. Mas, "com a ajuda de Deus", tirou esse pensamento da cabeça. O advogado José Beraldo, que até esta quarta (9) dava assistência à família, informou que pedirá à Prefeitura de São Paulo apoio psicológico para Rosevânia.
"Já perdoei todos"
Raíssa fazia tratamento para o autismo havia um ano. Ela e o suspeito moravam bem perto e eram amigos. O delegado responsável pela investigação, Luiz Eduardo Marturano, disse que o garoto foi o responsável por pendurar a menina após agredi-la com um graveto de uma árvore encontrado no caminho. O laudo sobre a causa da morte ainda não foi finalizado pelo IML (Instituto Médico Legal).
A polícia ainda investiga se outra pessoa participou do assassinato da menina. O Ministério Público de São Paulo afirmou que não vai se manifestar sobre nenhum ato processual do caso.
A mãe de Raíssa ainda não conversou com a mãe do menino, que permanece internado na Fundação Casa. Mas diz querer esse encontro.
Ela não tem culpa de nada. E já perdoei todos. Raiva não vai trazer de volta a minha filha, né? E o menino tinha um histórico de violência, agrediu minha sobrinha quando era pequeno. Entregar nas mãos de Deus é o único conforto.
Outro consolo para Rosevânia é ver o filho retornando aos poucos para a escola.
"Fizeram até festa para ele. É bom para distrair a cabeça. Ele gosta de estudar, escrever o nome. Agora só quero ter minha casa, minhas coisas".
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