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Dez sinais que mostram que você é a pessoa tóxica da relação

Na relação tóxica, não existe mais troca, mas sentimentos ficam confusos - iStock
Na relação tóxica, não existe mais troca, mas sentimentos ficam confusos Imagem: iStock

Heloísa Noronha

Colaboração para Universa

29/09/2019 04h00

Quase todo mundo sabe o que é um relacionamento tóxico: uma relação que faz sentir mal, não acrescenta nada, não evolui, impede o crescimento do casal e, pior, leva os envolvidos a se acomodarem, mesmo desconfiando de que as coisas não vão bem e dificilmente podem melhorar.

"Trata-se de um relacionamento em que não existe mais a troca, mas os sentimentos ficam confusos", diz o psicólogo Yuri Busin, diretor do Casme (Centro de Atenção à Saúde Mental - Equilíbrio), em São Paulo. É justamente essa confusão que provoca uma distorção nas atitudes do outro e nas próprias. Até que, num belo dia, você descobre que o papel de pessoa tóxica da relação é, adivinha, seu.

Segundo a terapeuta de relacionamentos Rosangela Matos, que presta atendimento online, ser uma pessoa tóxica não é algo que acontece do dia para noite. "É uma construção, depois de muitas experiências dolorosas e traumas. No início, de forma inconsciente, a pessoa vai desenvolvendo maneiras de se proteger. O lema é 'se eu for a mais forte e estiver no controle, não serei ferida novamente'. Com o tempo, esses comportamentos vão se tornando habituais e o resultado é o afastamento de pessoas importantes", diz Rosangela. A baixa autoestima também é um elemento importante nessa equação.

Para romper esse padrão e viver uma relação feliz e saudável, reconhecer a sua toxicidade é o mais importante dos passos. Eis alguns sinais:

1 - Desqualificação das conquistas do parceiro

De acordo com Triana Portal, psicóloga clínica e terapeuta de casais em São Paulo, quando a autoestima é baixa, qualquer conquista do par pode representar um perigo. "Se ele ganha mais, é promovido, reconhecido ou tem mais amigos, você, além de sentir ciúmes, vai ficando mais insegura em relação ao próprio valor. Assim, destruir o outro, ressaltando falhas em vez de valorizar as competências, dá uma falsa sensação de superioridade", afirma.

2 - Autoritarismo

Tudo precisa ser do jeito que você deseja, caso contrário se irrita e estraga o dia de todos? Tudo se transforma em competição, e uma discussão pode durar horas, pois não muda de jeito nenhum o ponto de vista? Tanta inflexibilidade e mania de bancar a mandona pode colocá-la na função de tóxica da relação. "Se você nem sequer dá a oportunidade ao par de se manifestar, é interessante repensar o seu comportamento e desenvolver empatia", diz Yuri.

3 - Tendência a dramatizar situações

Autocomiseração, lágrimas, hipervalorização de problemas e chantagens emocionais formam um conjunto que não traz benefício a ninguém. "Não é assim que você vai curar a criança interior que sofre pelas feridas do passado", diz Triana. Temos tendência à repetição, ou seja, a vivenciar um processo inconsciente de reviver e reeditar traumas como forma de amenizar a dor existencial. No entanto, seu parceiro não é um salvador, tampouco saco de pancadas. Tente não projetar nele os papéis de pai, mãe ou seu cuidador, já que ele também tem seus próprios vazios.

4 - Ciúme ou controle excessivo

Vale lembrar aqui que o ciúme tem relação com a insegurança e uma das formas de amenizá-la é tentar controlar todos os movimentos do parceiro. "Em excesso, esse comportamento pode desgastar a relação e, em vez de criar bons momentos e laços, gastar energia com isso acaba criando sentimentos de raiva e insatisfação", diz Yuri.

5 - Dificuldade de aceitar opiniões diferentes

É muito difícil viver com pessoas inflexíveis. "Discussões são frequentes, o clima é tenso. O outro tende a se relacionar de forma superficial para evitar confrontos e o resultado disso é um crescente afastamento", diz Triana. Portanto, tente se colocar no lugar do par. E mais: muito cuidado com a prepotência em querer mudar alguém. "As diferenças complementam as pessoas e quando elas são inconciliáveis, no relacionamento afetivo, por exemplo, o melhor caminho é cada um seguir o seu", afirma Triana.

6 - Criticar a família do par sem olhar os próprios defeitos

Ok, a família dele tem defeitos, mas será que as qualidades dela não lhe causam inveja? Será que o que você critica não é exatamente o que falta na sua família? "Quando algo nos irrita no outro, espelha um defeito nosso ou uma característica que desejamos. Olhe para dentro de si mesma e tente descobrir o que está acontecendo", sugere Triana. Lembre também que ninguém gosta que critiquem sua família, mesmo que a própria pessoa o faça. "Além disso, olhar para os erros e acertos da própria família também é importante", pontua Yuri.

7 - Mania de reclamar

Nossas palavras, bem como os pensamentos, mobilizam emoções que se transformam em comportamentos. A negatividade pode te deixar chata, amarga e repelir as pessoas. Além disso, dependendo de quem interage com você, o outro pode absorver sua reclamação como crítica pessoal e interpretá-la como cobrança. Em vez de reclamar o tempo todo, que tal mudar o foco e observar a parte boa do dia a dia, da relação, do par, do mundo?

8 - Manipulação recorrente

Segundo Carla Guth, psicóloga e psicopedagoga, de São Paulo (SP), quem é manipulador costuma colocar o outro em situação de débito, como se a outra pessoa lhe devesse algo constantemente. "Além disso, começa a machucar o outro e a dizer que faz tudo pela relação", diz. Quem se empenha por um relacionamento dificilmente diminui o outro dessa forma.

9 - Jogo do julgamento e da culpa

Ainda segundo Carla Guth, um parceiro tóxico é aquele que julga os erros da outra pessoa, não permitindo que ela possa errar e, na sequência, atacar a autoestima dela. "Você não permite ao outro errar e não o acolhe", diz. Quem apela para esse artifício também tem o hábito nocivo de culpar o outro pelos seus sentimentos. "Você começa a projetar no outro aquilo que sente. E, ainda, a usar da sutileza para fazer o outro sentir que é ele que está com raiva de você, quando, na verdade, é você quem está com raiva dele", diz a psicóloga.

10 - Dificuldade de escutar

"Se as suas tentativas de ouvir o parceiro acabam em uma briga, uma promessa vazia, acusações de carência, insegurança ou ciúme, você está deixando de lado as necessidades e os sentimentos dele", diz Yuri, destacando que um relacionamento nessas bases não é nem um pouco saudável. Um diálogo se constrói com fala e escuta, caso contrário, não há como um casal conversar e, principalmente, se entender.

Antídotos contra a toxicidade:

* "Não é para se machucar ainda mais caso descubra que é tóxica. Tenha em mente que você pode, sim, dar a volta por cima, construir uma nova história e viver relações saudáveis", diz Rosangela.

* Converse sobre o assunto com pessoas de confiança, que conheçam você bem. Peça uma opinião sincera e aceite críticas construtivas. "Quem está de fora tem uma visão mais clara sobre o seu comportamento", diz Triana.

* Se o parceiro aponta questões no seu comportamento que podem ser melhoradas, não se ofenda nem busque justificar essas ações por falhas no comportamento dele, tentando transferir o problema ou culpá-lo. "Baixe a guarda, afinal o que você quer é ser feliz, não é?", diz Triana.

* Entenda que você é humana e, portanto, falha.

* Faça anotações de todas as suas atitudes tóxicas e evite agir assim novamente. "E, claro, também anote cada pequena vitória e comemore", recomenda Rosangela.

* Busque se conhecer: é assim que vai encontrar forças para lutar com seu lado sombra.

* Segundo Rosangela, qualquer pessoa pode se tornar tóxica em algum momento da vida. "O que faz diferença é aceitar que essa toxicidade é o caminho mais longo e doloroso para uma vida repleta de infelicidade e destruição. Escolha se curar, buscar ajudar psicológica e, em alguns casos, psiquiátrica e dar uma nova chance para si mesma", afirma.