Topo

Entrei na rede social em que só se fala de sexo; veja como foi experiência

Uma rede social para transar: repórter conta sua experiência após um dia lá - Getty Images/iStockphoto
Uma rede social para transar: repórter conta sua experiência após um dia lá Imagem: Getty Images/iStockphoto

Christiane Marques

Colaboração para Universa

14/09/2019 04h00

Recebi a missão de desvendar o que rola no Sexlog, a maior rede social para adultos do Brasil. Com 11 milhões de inscritos, 18 milhões de fotos e vídeos publicados e 1,6 milhão de lives transmitidas, é uma espécie de Tinder do sexo, onde é possível participar de lives como voyeur, de grupos de swing, festinhas virtuais -- e que às vezes vão para o mundo real --, se exibir, instigar a vontade alheia ou apimentar a relação com o seu parceiro. Lá há material para todos: homossexuais, hétero, trans -- solteiros ou casais.

Se você ficou curioso, a primeira dica é: invista na segurança. Para criar meu perfil, incluí alguns interesses: 'mulher', 'casal ele/ela', 'casal ele/ele' e 'transexual'. Mesmo assim recebi muito mais mensagens de homens, o que considero uma falha da rede. Também descrevi meus principais desejos (ménage feminino, sexo a dois e em grupo). E aceitei que mulheres interagissem durante o sexo e marquei que desejava exibicionismo.

Na hora do cadastro, coloquei um e-mail fake. No entanto, não tive escapatória e pus meu telefone celular para criar a nova conta. Ah, meu nome de usuário no Sexlog foi 'danada41'. Por tratar-se de uma rede de alta exposição, como uma novata ressabiada, cobri a câmera do notebook.

Sexlog - Tinder do sexo  - Reprodução - Reprodução
A imagem que Christiane usou em seu perfil
Imagem: Reprodução

Com o perfil criado, foi hora de escolher uma foto fake em um banco de imagens gratuito: uma loira com o rosto coberto por uma máscara dourada. Para chamar a atenção, meu primeiro post foi a imagem de uma boca com frase provocativa. Bastaram poucos minutos para que recebesse 100 solicitações de amizade, além de mais de 30 mensagens; depois de uma hora já eram mais de 50. Eu interagi com alguns homens solteiros ou casados.

Falei com rapaz de 24 anos

Uma das primeiras mensagens que recebi foi de um rapaz de 24 anos, que trabalha com logística e se intitula "novinho" na rede social. Ele já mandou a real logo de cara: 'Olá gata, tudo bem? Dá uma olhada nas minhas fotos do log para ver se gosta. Posso mandar por aqui de rosto. Beijos.'

O moço, que está há um ano na rede, disse que já saiu com sete mulheres e que gosta das mais experientes. Relatou que nunca participou de swing, mas que, uma vez, saiu com um casal e o homem ficou observando. No entanto, deixa claro que prefere mulheres.

Vou dando trela e digo que adoro homens mais novos e, como sou novata, vou fazendo perguntas. Muito solícito, ele diz que 'será um prazer me ensinar'. Questiono despretensiosamente como funciona a rede e ele me conta que é uma espécie de Tinder, mas voltado para encontros sexuais. Também falou que com algumas marcou encontros direto no motel; que outras pegou no trabalho ou no metrô, com o mesmo destino: motel.

Questiono se o rapaz usa camisinha e ele diz que se cuida bastante. Em poucos minutos, pede meu WhatsApp, pergunta se quero trocar fotos de rosto e me manda duas dele, com e sem óculos escuros. Me diz que quase ninguém coloca fotos de perfil reais para manter a privacidade. Ponto pra mim!

Digo que estou na rede por curiosidade. Ele me diz que só dá para saber se vale a pena após o primeiro encontro. Em um determinado momento, explico que entrei por curiosidade, por ser jornalista. Ele pergunta se estou fazendo alguma pesquisa de mercado, devido ao teor das minhas perguntas. Insiste em marcar um encontro, mas digo que tenho namorado. Ele pede uma chance. No entanto, logo depois percebe que estou fazendo 'interrogatório' e desiste da conversa.

Rapaz bem dotado, pelo menos na propaganda

Ao mesmo tempo em que converso com o novinho, interajo com o 'dotadoparakasal'. Com a foto de um pênis no perfil, se descreve como homem, 43 anos, hétero. E mais: 'Procuro boas aventuras com casais e mulheres! Experiente na arte do swing, 15 anos conhecendo parceiros e fazendo a alegria das esposas que gostam de um dotado para aquele ménage à trois. WhatsApp após primeiro bate-papo. Não aceito perfis de homens sós. Favor não insistir'.

O moço dotado diz que posso chupá-lo à vontade e, caso tenhamos afinidades, podemos marcar um date. Fala que gosta de dar prazer às mulheres e casais, mas que gosta mais das solteiras, por considerar que os encontros são mais diretos e gostosos. Faz questão de dizer que na rede há muita conversa e pouca atitude e que gosta mesmo é de 'chegar junto'. Relata que adora uma pegada forte, sem frescura, anal e um bom oral.

Pergunto como funcionam os encontros. Ele responde que geralmente ocorrem na região da Avenida Paulista e, caso role uma afinidade, o destino é algum motel na Avenida Ricardo Jafet. Me manda uma foto de óculos escuros; pede uma minha. Insiste. Deixo no vácuo e não respondo mais.

Casal que gosta de mulheres

O casal de São Paulo cujo nome de usuário é 'iuppi' se descreve como homem, 42 anos (hétero); ela, 40 anos (bissexual). Dizem mais: 'somos um casal superagradável e amamos sexo... Estamos à procura de mulheres para praticarmos o que mais gostamos...Você, delícia, que está a fim de se divertir com um casal super e que curte muito sexo já achou'.

Na conversa, o homem faz o primeiro contato e logo pede meu WhatsApp para criar um grupo para interagirmos a três: eu, ele e a mulher. Diz que só marca encontros após um bate-papo e troca de fotos para ver 'se rola a química'. Me conta que já tiveram cerca de seis saídas e que não aceitam casais, tampouco homens, mas apenas mulheres e que costumam 'pegar fogo'. Diz ainda que vou amar e querer mais. Me passa seu WhatsApp sem eu pedir.

Outros recursos disponíveis

A rede realmente oferece opções infinitas de prazer. Se você não quiser interagir, é possível apenas assistir às lives. Não consegui ver nenhum vídeo ao vivo, talvez isso seja apenas possível para usuários VIP´s, que pagam mensalidade (R$ 9,90 no primeiro mês e R$ 49,90 a partir do segundo). Também há planos trimestral e semestral que barateiam o custo.

Há na rede uma aba intitulada 'Grupos', com os mais diversos nomes, como 'quem quer comer a minha esposa', 'clube das casadas liberadas', 'lindas lobas, beleza madura'. Geralmente, esses grupos são públicos e é possível participar postando fotos.

Tem ainda a possibilidade de comparecer a encontros virtuais (com transmissão de vídeos ao vivo) e reais. Há muitas festas disponíveis (algumas são marcadas em motéis), assim como troca de casais, visitas íntimas e swing. Tudo depende do gosto do freguês...

O que eu aprendi na rede

Lá, é possível ser o homem ou a mulher dos sonhos de qualquer um. Sua foto não precisa ser verdadeira e por precaução é melhor que não seja de rosto, pois nunca se sabe o que vamos encontrar. Aprendi que a atitude é tudo. Galera não gosta de blá-blá-blá. Logo rolam as fotos, troca de WhatsApp e possíveis encontros.

Não parece aconselhável marcar no motel logo de cara. Mais por uma questão de segurança. Jamais vá à casa de alguém, pois no motel pelo menos você ainda tem a opção de gritar caso algo dê errado. Não há como negar que um encontro de sexo às escuras faz parte do fetiche... Nunca sabemos quem vamos conhecer ou como será o sexo. Essa rede social não é o lugar para pudores.

Para quem entrar como novata, assim como eu, tome cuidado com a sua segurança e saiba que toda escolha implica em muito prazer ou dor de cabeça. E o risco é por sua conta.