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Homem é condenado a 24 anos de prisão por matar a ex na frente dos 3 filhos

Julgamento condenou José Elesandro Ferreira da Silva - Ministério Público
Julgamento condenou José Elesandro Ferreira da Silva Imagem: Ministério Público

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceio (AL)

13/09/2019 14h49

O pedreiro José Elesandro Ferreira da Silva, 25, foi condenado a 24 anos de prisão em regime fechado e pagamento de multa de R$ 50 mil pelo assassinato da ex-mulher Lucimara Gomes Ferreira Costa, 23. Ela foi morta a facadas na frente dos três filhos do ex-casal, no município de São Raimundo Nonato (PI), região sul. A defesa do acusado vai recorrer da decisão.

O júri popular condenou o réu pelo crime de homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, emprego de meio cruel e feminicídio. O julgamento ocorreu ontem, no fórum de São Raimundo Nonato.

De acordo com o Ministério Público, Lucimara foi assassinada com oito facadas, dentro de casa e na frente dos três filhos e da própria mãe. O crime aconteceu após o acusado invadir a residência da família na madrugada do dia 29 junho de 2018.

Os autos do processo relatam que José Elessandro invadiu a residência de Lucimara por volta da meia-noite, mas como ela não estava em casa, ele ficou esperando-a com uma faca na mão.

Segundo a polícia, assim que a vítima entrou em casa, por volta das 2h, houve uma breve discussão, pois o acusado não aceitou se retirar do imóvel e atacou a ex-mulher com a faca. O inquérito policial destacou ainda que o réu se esfaqueou no abdômen e foi socorrido. A vítima morreu no local.

Durante o julgamento, José Elesandro disse que "após receber as facadas não viu mais nada" e que desmaiou, sem explicar como a vítima foi atingida pela faca.

O promotor de Justiça João Malato Neto afirmou, durante a acusação, que o assassinato da vítima foi motivado, exclusivamente, por vingança, pois Lucimara não aceitou reconciliação com o ex-marido.

O casal havia se separado há pouco tempo, e Silva não aceitava o fim da relação, era ciumento. Eles tinham três filhos - sendo que um deles, na época do crime, tinha seis meses de idade.

"Foi-lhe negado o direito de recorrer em liberdade, tendo o sentenciado sido preso imediatamente e conduzido à penitenciária de Vereda Grande, situada na cidade de Floriano (PI), para início do cumprimento de sua pena", informou o Ministério Público. Além disso, Silva deverá reparar danos, em favor dos três herdeiros da vítima, no valor de R$ 50 mil.

O advogado do acusado, Nilo Lopes Júnior, informou que vai recorrer da decisão pedindo a anulação do júri contra as provas que constam nos autos. Ele ainda alega que o acusado não tem condições financeiras de pagar a multa de R$ 50 mil aplicada e também vai recorrer.

"Ele levou duas facadas, que foram desferidas pela ex e isso o júri não levou em conta. Durante a luta corporal, meu cliente disse que não lembra de nada. Ele nega a acusação. Ele é pedreiro e não tem condições financeiras de arcar com o pagamento dessa multa", disse o advogado em entrevista ao UOL, hoje.

Além disso, o advogado alega que o réu não teve direito a defesa porque o júri foi composto por 14 mulheres e quatro homens e culpou o movimento feminista e a imprensa por "julgar" o acusado antes do júri popular.

"Se tornou difícil fazer a defesa do meu cliente, pois dos 18 jurados, 14 eram mulher. Isso gerou um ambiente propício para condenação. Vou pedir a anulação pela falha de ser a maioria mulher. Ele foi condenado antes de ser julgado pelo movimento feminista, pela imprensa, que vive hoje o espírito de condenação", alega o advogado, destacando que a Justiça não levou em conta o "princípio de, em caso de dúvida, ser a favor do acusado. O júri preferiu se a favor da sociedade", completou.