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Homem é suspeito de ameaçar e jogar bomba em garagem de casal gay em Franca

Igor e Eduardo - Reprodução/Facebook
Igor e Eduardo Imagem: Reprodução/Facebook

Eduardo Schiavoni

Colaboração para Universa

04/09/2019 19h05

Um homem de 55 anos irá responder por ameaça a um casal homossexual em Franca (SP). Eles são vizinhos e, na noite de segunda-feira (2), teriam discutido depois que o suspeito passou a dirigir ofensas ao casal. O homem, que alega que vinha sendo ameaçado, ainda teria soltado uma bomba na garagem do prédio onde o casal mora e tentado sacar uma faca durante a abordagem policial.

O cabeleireiro Igor Belinazzi, 22, vive em união estável com o sapateiro Eduardo da Silva, 35. Há cerca de oito meses, Pedro Paulo da Fonseca teria começado a dirigir ofensas homofóbicas aos dois. "Ele ameaçava, dizia que iria fazer a gente virar homem. Também já estourou bombas outras vezes em nossa garagem", contou Igor.

Na segunda-feira, ainda segundo Igor, ele chegou do trabalho no início da noite e Pedro foi até a calçada do prédio, batendo na porta com um podão. Com receio de que o homem invadisse o prédio, ele chamou a polícia. "Ele jogou bomba e começou a riscar a grade do apartamento. A gente ficou com medo de perder a vida", disse.

Segundo o policial Fábio Jesus, que atendeu à ocorrência, quando os PMs chegaram ao local, Paulo saiu com um canivete em mãos. Eles foram tentar desarmá-lo, mas perceberam que ele portava também uma faca. O homem teria ficado alterado e tentado sacar a faca, sendo contido pelos policiais. No processo, ele teria tentado morder um policial, que teve ferimentos leves.

Pedro foi levado para o plantão policial e o caso será investigado pelo 2º Distrito Policial de Franca. O delegado Alan Bazalha Lopes informou que os depoimentos já foram colhidos e será feita perícia nas armas brancas localizadas com o suspeito. "Assim que o laudo for recebido, o termo circunstanciado será encaminhado ao fórum", disse Lopes. Segundo ele, a tendência é que o processo seja suspenso ou que o autor cumpra penas alternativas.

Questionado sobre o fato de o crime não ter sido considerado homofobia, o delegado disse que a decisão pode ser revista. "Podemos mudar a tipificação posteriormente, assim como pode o Ministério Público pedir isso em sua manifestação."

Outro lado

Paulo confirma a agressão, mas diz que vinha sido constantemente ameaçado pelos vizinhos. "Eles têm ligações com uma organização criminosa, vendem drogas e já mexeram com a gente várias vezes. Dessa vez, eu reagi", conta.

Ele disse que havia bebido "alguns corotes" de cachaça e que chegou a pensar em matar o casal. "É um casal de viado (sic), eles causam problema para a gente tem tempo. Eu pensei em matá-los na frente da polícia, mas desisti. Eu ia jogar a faca fora, mas os policiais vieram e me desarmaram."

Igor e Eduardo negaram a informação de Paulo. "É um jeito de desviar a atenção. Não existe nada disso, o problema dele com a gente é o fato de sermos um casal", disse Eduardo. Os dois pretendem se mudar do bairro. "A gente não pode colocar a vida em risco. Já estamos procurando um lugar, mas iremos mover o processo até o fim", disse o sapateiro.