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Por que toda mulher deveria fugir dos homens da novela "A Dona do Pedaço"

Sérgio Guizé é Chiclete em A Dona do Pedaço - Globo/Estevam Avellar
Sérgio Guizé é Chiclete em A Dona do Pedaço Imagem: Globo/Estevam Avellar

Heloísa Noronha

Colaboração para Universa

24/08/2019 04h00

Trapaceiros, infiéis, egoístas, mentirosos... A gama de personagens masculinos criada por Walcyr Carrasco na novela "A Dona do Pedaço" é uma boa amostra dos piores espécimes de boy lixo que existem na vida real. Saiba por que ninguém merece se relacionar com os embustes da trama global das 21h

Agno (Malvino Salvador)

Gay, sempre traiu a mulher, Lyris (Deborah Evelyn) com outros homens. Porém ao pedir o divórcio bancou o dissimulado e acabou com a moral da ex no tribunal, justificando que ela o traía. E ainda por cima a deixou com uma pensão de valor mínimo. Ainda que Lyris tenha percebido e escolhido não encarar a orientação sexual do marido, Agno foi mau caráter ao jogar a responsabilidade pelo fracasso do casamento nas costas dela. Na vida real, não são poucos os homens que atribuem uma traição à mulher, isso pode ser encarado, inclusive, como relacionamento abusivo. Em geral, quem age assim na esfera afetiva também tem o mesmo comportamento em outros campos, como o profissional, limpando a própria barra ao sujar a dos outros.

Camilo (Lee Taylor)

Em vez de romper a relação ao descobrir a traição de Vivi (Paolla Oliveira), optou pela baixeza de praticar revenge porn no dia do casamento com a blogueira, expondo um vídeo íntimo dela com o amante em pleno altar. Não contente em humilhá-la e abandoná-la, prometeu não deixá-la em paz. É o típico machinho rancoroso e imaturo. Homens vingativos como Camillo querem satisfação imediata, pois têm dificuldade para encarar o chifre. Dar o troco, em seu raciocínio, é a única solução viável para driblar uma frustração. Isso demonstra também uma personalidade analítica e fria, que pensando somente no próprio bem estar, mesmo que a satisfação seja passageira.

Otávio (José de Abreu)

É o tradicional "homem de bem" hipócrita: marido conservador e amoroso em casa e que trai a mulher na rua. Sujeitos desse tipo dificilmente se separam, por mais promessas que façam às amantes. O comportamento gentil em casa com a esposa - no caso da novela, Beatriz (Natália do Vale) - é uma forma de compensar seu sentimento de culpa pelas infidelidades constantes. Longe da telinha, homens como Otávio seguem crenças machistas de que têm o direito de pular a cerca porque não falta nada à família em casa, nem dinheiro nem amor. E seguem acreditando que existe mulher pra casar e mulher pra "se divertir", prezando as convenções sociais e as aparências acima de tudo.

Régis (Reynaldo Gianecchini)

O vilão-mor de "A Dona do Pedaço" é o "bon vivant" mimadinho. Nunca quis trabalhar, mas sempre teve o que quis de forma fácil, por causa dos negócios altamente rentáveis da família. Ao se relacionar com Josiane (Agatha Moreira) e Maria da Paz (Juliana da Paes) seguiu o instinto de buscar mulheres que pudessem continuar realizando seus desejos e passando pano para suas manias (como o vício em jogo), assim como a mãe, Gladys (Nathalia Timberg), sempre fez. Na trama de Walcyr Carrasco tudo indica que o amor sincero de Régis por Maria da Paz vai redimi-lo. Na vida real, entretanto, homens como ele arrumam uma vítima atrás da outra, sugando o que podem e desfrutando de benefícios materiais o máximo possível. Quando a fonte seca, logo dão um jeito de arrumar outra -- e arranjam, porque têm lábia e são altamente sedutores. Melhor manter distância.

Chiclete (Sérgio Guizé)

Além do fato de seguir a carreira moralmente duvidosa (a de matador de aluguel), Chiclete tem um lado embuste muito fácil de encontrar em parceiros de carne e osso ao não saber lidar com a rejeição. Depois de levar o fora de Vivi, o bandido começa a sair com Sílvia (Lucy Ramos) apenas para fazer ciúme na ex. É claro que a rejeição é um golpe e tanto na autoestima, pois é um sentimento, real ou imaginário, de que alguém não nos quer mais. Mas pode ser uma oportunidade para a pessoa olhar para dentro de si e prestar atenção nas qualidades, como forma de amor próprio, em vez de usar alguém para buscar aprovação. Afinal de contas, ninguém gosta de ser usado. Fazer esse tipo de joguinho, em vez de resolver os conflitos às claras, é uma maneira bem infantil de conduzir a relação. Além disso, romantizar bad boys como Chiclete nem sempre funciona na vida real, pois há o risco de a relação descambar para o abuso.

Amadeu (Marcos Palmeira)

Casado com Gilda (Heloísa Jorge), ficou balançado ao reencontrar a ex, Maria da Paz, e logo foi para o motel com ela - e, só depois revelou seu estado civil à amada. No caso de Amadeu, que é o "mocinho" da história, a atitude não foi mostrada como má fé -- afinal, ele revelou em seguida seu estado civil. No entanto, é bom lembrar que, se caiu em tentação, é porque o compromisso com o casamento já não andava lá essas coisas, certo? E nem Maria da Paz nem Gilda tiveram a oportunidade de escolher por conta de sua omissão. Longe da ficção, não são poucos os embustes que mentem da mesma forma para conquistar ou saírem ilesos de um escapada.

Rock (Caio Castro)

Egocêntricos e ambiciosos, tipos como Rock volta e meia colocam as emoções de lado com facilidade para conseguirem o que desejam. Na novela, o lutador não hesitou em simular um relacionamento com Josiane para conseguir patrocínio de Maria da Paz e se dar bem no trabalho. A obsessão pelo sucesso e pelo dinheiro demonstrada por alguns homens na vida real pode levar a escolhas duvidosas, pouca disponibilidade para criar vínculos e dificuldade de amar, já que são extremamente calculistas.

Fontes: Ellen Moraes Senra, psicóloga especialista em terapia cognitivo-comportamental, do Rio de Janeiro (RJ); Joselene L. Alvim, psicóloga clínica de Presidente Prudente (SP) e especialista em Neuropsicologia pelo setor de Neurologia do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), e Rejane Sbrissa, psicóloga clínica de São Paulo (SP)