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Vai ser mãe e tem dúvidas sobre o pré-natal? Universa responde

Conheça a importância do pré-natal - iStock
Conheça a importância do pré-natal Imagem: iStock

Luiza Souto

De Universa

14/08/2019 04h00

Há mais mistérios entre engravidar e o parto do que podem imaginar as mães de primeira viagem. É no pré-natal --o acompanhamento da gestação por profissionais de saúde, por meio de consultas e exames-- que a grávida vai esclarecer aquela avalanche de dúvidas. Ali, ela vai descobrir, por exemplo, que não é preciso fazer ultrassonografia todo mês. Se tudo estiver bem, o exame é feito no máximo quatro vezes durante a gravidez. Além disso, o pré-natal não precisa necessariamente acontecer em um consultório médico. E também não tem que ser um momento solitário: o acompanhamento pode ser coletivo, compartilhado com outras gestantes.

Para início de conversa, é bom explicar por que o pré-natal é tão importante: além de garantir que o bebê está se desenvolvendo bem, o processo reduz as principais causas de mortalidade materna e neonatal, já que, durante consultas e exames, o médico detecta possíveis situações de risco e pode prevenir futuros problemas ou tratar patologias na fase inicial.

Em 2000, o Ministério da Saúde estabeleceu, no PHPN (Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento), que um pré-natal adequado deve começar até o quarto mês de gestação e ter, no mínimo, seis consultas de acompanhamento de gravidez, além dos exames necessários. Na Pesquisa Nacional de Saúde 2013, feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com 1.851 mulheres grávidas de todo o país, 80,6% delas disseram ter seguido todas as orientações.

Na primeira consulta, em geral, o médico ou profissional de saúde levanta aspectos da saúde da gestante: doenças na família, antecedentes pessoais gerais, como cardiopatias ou doenças renais crônicas, uso de tabaco, álcool ou outras drogas lícitas ou ilícitas, além da situação da gravidez atual.

O médico também checa a pressão arterial e pode medir a altura uterina e escutar os batimentos cardíacos do bebê, dependendo da idade gestacional. Aí, a futura mamãe pode se preparar: lá vem uma bateria de exames. Os principais são o de tipo sanguíneo, de urina, glicemia de jejum e de sorologia para diversas condições, como hepatite, rubéola, sífilis, HIV e toxoplasmose, além dos ultrassons.

A gestante também pode receber indicação para tomar vacinas, como a da gripe, e para consumir suplemento de ácido fólico, que evita a malformação do tubo neural do feto.

"Com esses passos, conseguimos dar início, por exemplo, a tratamentos para hipertensão e diabetes. Quanto antes surgir esse tipo de diagnóstico, melhor", diz a obstetra e ginecologista da Maternidade Pro Matre Paulista Carolina Burgarelli.

Durante o pré-natal, dá ainda para observar se há tudo anda bem no crescimento do bebê. É também um bom momento para tirar todas as dúvidas sobre os diferentes tipos de parto, diz a especialista.

"A mulher só chega bem para o parto, do ponto de vista emocional e físico, se tiver boa assistência", afirma a obstetra. "Assim, ela estará apta também a tomar todas as decisões com consciência."

O pré-natal não precisa ser feito no mesmo local escolhido para o parto e pode acontecer no consultório médico, no posto de saúde, no hospital ou em centros de apoio à gestante, com médico ou obstetriz.

A ultrassonografia

A primeira ultrassonografia é feita entre sete e nove semanas de gestação. Nela, já dá para saber o número de fetos e se ele está dentro ou fora do útero.

O ultrassom morfológico de primeiro trimestre acontece entre a 11ª e a 14ª semanas de gravidez: é nessa época em que, além de checar como andar o desenvolvimento do feto, podem ser detectadas malformações específicas. A gestante volta a fazer o exame de imagem, o morfológico do segundo trimestre, entre a 20ª e a 24ª semanas, quando é observada a formação do feto, seus ossos e órgãos. O exame volta a ser feito no terceiro trimestre, entre a 32ª e a 34ª semanas.

Claro que, atenta Carolina, se for detectado algum problema com a mãe ou o bebê durante esse período, os exames poderão serão personalizados para aquela situação.

O acompanhante também participa do pré-natal

Especialistas aconselham que a gestante vá acompanhada a todas as consultas, para que a família tire suas dúvidas em conjunto. Ali, elas podem estabelecer, diz a obstetra, um vínculo de confiança maior, que vai auxiliar no preparo emocional para o trabalho de parto.

Para estimular essa rede de apoio e de troca de informações, alguns lugares, inclusive, têm proposto o pré-natal coletivo. Na Casa Ângela, centro de parto humanizado na zona sul de São Paulo que atende de graça usuárias do SUS, esse modelo existe desde 2017. Lá, mulheres com a mesma idade gestacional (que estão, aproximadamente, com o mesmo número de semanas de gravidez) e suas companhias são atendidas, ao mesmo tempo, por parteiras. Quem não tem acompanhante pode formar ali mesmo a sua rede de apoio.

Funciona assim: a gestante precisa ir à reunião de acolhimento no espaço da ONG, que acontece toda quarta-feira, às 9h30. Depois de exames físico e obstétrico, ela é encaminhada para a consulta coletiva, da qual faz parte uma roda de conversa com gestantes e parteiras. Não há médico na unidade.

Outras atividades acontecem enquanto as mulheres aguardam a vez na consulta individual, como a confecção de uma almofada de camomila para o bebê ou a criação de um plano de parto.

A unidade básica de saúde Citex, em João Pessoa (PB), implantou uma metodologia similar em 2016: gestantes e acompanhantes se encontram em rodas de conversa com profissionais de saúde, participam de atividades e são encaminhadas para exames.

Uma pesquisa feita por estudantes da UFPB (Universidade Federal da Paraíba) em 2018 mostra que essa nova forma de realizar assistência à saúde da mulher no pré-natal amplia o vínculo com a equipe médica, que reflete diretamente na redução do índice de mortalidade.

Seja qual for o tipo de pré-natal escolhido pela gestante, a recomendação dos profissionais de saúde é começar o acompanhamento o quanto antes.

"O melhor dos mundos seria a mulher procurar o médico antes mesmo de engravidar, para já tomar a suplementação [de ácido fólico]", diz Carolina. "Se isso não for possível, é importante começar o acompanhamento assim que descobrir a gestação, para o melhor controle da gravidez."