Largou sociedade pra trabalhar de casa e já ganhou R$ 3 milhões em 2 anos

Willian Novaes
Willian Novaes

Ela acredita tanto em si mesma que tatuou a sua assinatura no punho direito. Daniela Verdugo, de 37 anos, é headhunter: empresas contratam seus serviços para preencher vagas de funções administrativas.

A tarefa de sua empresa é garimpar profissionais que estejam trabalhando ou desempregados e fazer uma entrevista. Para uma única vaga, ela conversa com pelo menos 30 pessoas -- em alguns casos, esse número pode chegar a 100. "É um mercado em expansão. Mesmo com o desemprego, os diretores e CEOs estão começando a ver os headhunters com outros olhos", conta. No fim do processo, ela leva aos contratantes três opções de profissionais para que o mais adequado seja escolhido.

Daniela afirma que o interesse vem da infância: "Quando eu era menina, não brincava de bonecas, mas de escritório", diz rindo. Ela começou a sua carreira como estagiária, numa empresa de RH. Diz que se apaixonou pela área e nunca mais saiu -- está há 20 anos lidando com contratações. Mas foi há dois anos que decidiu mudar a sua vida, largar uma sociedade que não era bem o que imaginava e arriscar-se a ter sua própria empresa.

Foco no resultado

Ela começou sem capital para investir e usou a sua própria casa, na Vila Guilherme, na Zona Norte de São Paulo, como sede. O retorno veio rápido: em um mês já tinha alugado uma sala pequena. Atualmente, tem um espaço nas proximidades da Avenida Paulista, com 14 funcionários. Nos últimos dois anos, ela garante ter faturado R$ 3 milhões com a consultoria de recrutamento de executivos. "Tenho clientes de diversas áreas. O negócio deu certo em todos os lados, hoje já temos uma boa segurança financeira", conta Daniela.

A fórmula do sucesso, segundo ela, foi muito trabalho e conhecimento do negócio. A empresária afirma que trabalha até 17 horas todos os dias com total atenção no que os clientes pedem. Casada há 15 anos, optou por não ter filhos e mantém o foco em seu trabalho. "Eu não tinha chance de errar: caso não acontecesse como planejado, eu poderia até ir trabalhar como manicure (coisa que eu adoro fazer). Na época em que abri mão da sociedade, não tinha dinheiro para nada", contou. Até hoje, ela é a única responsável pelo departamento de vendas da T.H.E. Consulting.

"Não foi uma loucura de sair e abrir um negócio. Eu tinha o sonho de ser dona de algo e, para isso, comecei a procurar os clientes para quem eu vinha prestando serviços nos últimos anos", explicou Daniela que avalia ter sido recompensada por sempre tratar todo mundo do mesmo jeito e buscar melhores resultados. Essa reputação, aliás, foi seu cartão de visitas: logo de cara, antigos clientes já passaram para ela quatro vagas de cargos gerenciais e de direção de suas empresas. "Agarrei a oportunidade com toda a força e decidi que precisava mostrar serviço. Entreguei resultado e preenchi as vagas: no fim, o que o cliente quer é ver o problema dele resolvido", explica.

Preconceito inconsciente

Daniela ainda vê o que ela chama de preconceito inconsciente do mercado de trabalho para mulheres preencherem cargos de chefia em algumas áreas, mas vê uma mudança positiva, nos últimos anos. Em algumas empresas, se um homem e uma mulher ficarem entre os melhores candidatos, a opção é automaticamente pela mulher -- o que não acontecia há algum tempo. "Eu não sofri preconceito por ser mulher, porque minha área é muito feminina, mas vejo esse problema em outros setores, como a indústria, por exemplo", comenta.

O que fazer e o que não fazer num processo seletivo

No momento o desemprego aflige mais de 13 milhões de brasileiros, com desempregados em todas as funções e classes sociais, Daniela dá alguns conselhos do que fazer e o que não fazer, no momento da entrevista e conta que 90% das reprovações tem a ver com o comportamento no processo seletivo:

O que fazer:

O que não fazer: