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Está provado: fofocar pode fazer bem à sua vida

Fofocar nem sempre é prejudicial, mas precisa haver limite - Getty Images/iStockphoto
Fofocar nem sempre é prejudicial, mas precisa haver limite Imagem: Getty Images/iStockphoto

Silvia Regina

Colaboração para Universa

19/07/2019 04h00

Não adianta tentar esconder ou se fazer de desentendida. Você, certamente, já fez fofoca em algum momento da sua vida. Ou mesmo do seu dia de hoje. Um estudo publicado pela revista científica "Social Psychological and Personality Science" mostrou que uma pessoa gasta, em média, 52 minutos fofocando diariamente. Isso mesmo, quase uma hora do seu dia é gasta falando dos outros.

Mas, antes que você se defenda dizendo que não é fofoqueira, a mestre em psicologia Ana Cristina Roncati, gerente acadêmica da Escola de Ciências da Saúde da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo, esclarece: "Fofoca nada mais é do que falar de alguém que não está presente naquele momento". Ou seja, no sentido literal, não significa nada de ruim.

"Há registro de fofocas desde a Antiguidade, como um passatempo. Culturalmente, ela assumiu uma conotação negativa ao longo do tempo", completa Ana Cristina. E sabia que falar dos outros pode gerar até benefícios?

Mobilização positiva

Você pode até não acreditar, mas fofocar --lembre-se: o ato de falar de outra pessoa-- tem o poder de agregar grupos, estreitar laços e até melhorar relacionamentos. Além disso, pode inclusive ajudar o alvo dos comentários. "A fofoca pode ser do bem quando uma pessoa faz com o intuito de gerar mobilização positiva. Um bom exemplo é ajudar uma terceira pessoa ou alertá-la sobre um perigo", explica a psicóloga Lia Clerot, de Brasília.

Já no ambiente profissional a fofoca pode ser usada como estratégia. "Quando alguém descobre alguma notícia do seu mercado ou de sua área de atuação, pode, por exemplo, comentar sobre o rumor com seu gestor direto. Isso faz com que a empresa, por saber dessa notícia com antecedência, aproveite-a de forma positiva", explica Rodrigo Vianna, CEO da consultoria Mappit, de São Paulo.

Segundo ele, até a chamada "rádio peão" --aquela conversa disseminada pelos corredores da empresa-- pode ser positiva. "É um meio de comunicação para as empresas que ajuda a divulgar as informações internas."

E quem faz a fofoca, segundo especialistas, também ganha. "A pessoa sente um prazer e uma sensação de bem-estar de ver as coisas acontecendo", revela Ana Roncati.

Tudo tem limite

O problema de falar dos outros, mesmo que de forma inofensiva, é quando vira um hábito diário. "Isso está ligado à função que a fofoca assume na vida dessa pessoa. Para algumas é uma forma de chamar a atenção para si mesmas", diz Ana Roncati, da Universidade Anhembi Morumbi. E aí a chance de passar dos limites é grande. Porque até mesmo a fofoca do bem pode não ter um final feliz e você pode acabar invadindo um espaço da vida pessoal do outro --o que ninguém gosta.

Tudo isso sem contar o risco de espalhar notícias falsas --o que é grave tanto para a vida profissional quanto para a pessoal. "É importante que a pessoa tenha bom senso e ética para definir que tipo de informação deve ser transmitida. E que também possua o mínimo de confiança em sua fonte antes de repassar a fofoca", finaliza Rodrigo Vianna, da Mappit.