Kunyaza: masturbação africana ajuda a chegar no squirting, a 'água sagrada'

A lenda que narra a origem da Kunyaza tem um quê de conto de fadas com pitadas de sacanagem. A prática tradicional em Ruanda, na África, surgiu na antiguidade, na Terceira Dinastia negra. Cansada da solidão e da "seca", já que seu marido saltava de uma batalha para a outra, a rainha solicitou que um guarda real a visitasse em seu quarto para lhe prestar alguns favores sexuais.

O homem obedeceu à ordem, mas, apavorado com a possibilidade de o soberano descobrir tudo, não conseguiu penetrá-la. Com as mãos trêmulas segurando o pênis em contato com os lábios vaginais e o clitóris da rainha, acabou lhe provocando um orgasmo tão intenso e molhado que o líquido jorrou e se transformou no imenso Lago Kivu.

Embora pouco difundida no Ocidente, a Kunyaza é uma tradição que permanece em Ruanda. Ela passou a despertar interesse porque consiste em um tipo de masturbação que se concentra totalmente no prazer da mulher. Foi tema, por exemplo, do livro "Le Secret de l'Amour à l'Africaine" (2008), do médico Nsekuye Bizimana, e do documentário "A Água Sagrada" (2016), do francês Olivier Jourdain.

Ao pé da letra, Kunyaza significa "fazer urinar". É chamada também de "água sagrada", mas "sexo molhado" é a terminologia que mais se tem a ver com sua função principal, que é deixar a mulher tão molhada que ela consegue ejacular. Embora seja um tema controverso e sem unanimidade entre os especialistas, o squirting (ejaculação feminina) é tido como realidade para os praticantes da masturbação africana.

Toda mulher pode ejacular, o que as difere entre si é a quantidade de líquido que cada uma jorra. Algumas deixam o lençol molhado, mas outras não percebem que ejacularam. Embora a proposta do Kunyaza seja conduzir a mulher a um orgasmo poderoso, nem sempre o volume do líquido tem a ver com a intensidade do gozo.

Mas como funciona?

É relativamente simples e conta com duas fases, a estimulação externa e a estimulação interna. Tudo começa quando o homem usa o pênis ereto para dar "batidinhas" em toda a vulva da parceira, explorando grandes e pequenos lábios, entrada da vagina, laterais e "coroa" do clitóris.

Lembra da mão trêmula do guarda real? É isso. O contato maior deve ser feito pela glande e os movimentos podem ser circulares ou em zigue-zague —nem tão suaves ao ponto de fazer cócegas, mas nem tão rápidos que chegam a incomodar.

Se houver um certo desconforto, no começo, não há problema algum em diminuir o atrito aplicando em toda a região —e na cabeça do pênis— um lubrificante à base de água, que permite maior deslize. A excitação logo dará as caras.

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Não há um limite de tempo, propriamente dito, para a mulher entrar no clima. Trata-se mais da forma como o estímulo é feito, ou seja, da velocidade e da intensidade do que da duração.

A Kunyaza "raiz" é praticada apenas com o pênis, mas é possível aplicá-la também com os dedos, a língua e o vibrador —o sex toy, aliás, é perfeito por unir velocidade e intensidade na medida certa para o gosto pessoal de cada mulher.

A estimulação interna começa com os dedos. O homem deve explorar toda a sensibilidade do canal vaginal e suas paredes.

Conforme o manual do dr. Nsekuye Bizimana, na hora da penetração o cara deve segurar o pênis e introduzi-lo na vagina devagar. Lá, em vez do vaivém, o ideal é apostar em movimentos circulares e levemente horizontais (para estimular as paredes vaginais), sempre com suavidade.

À medida que a excitação da mulher for aumentando, o parceiro pode alternar estocadas rasas (gucuga, segundo o livro) na abertura vaginal, com estocadas profundas (gucumita), mantendo os movimentos circulares. É recomendável, ainda, que o homem segure o pênis, assim ele acaba esfregando a mão ou dedos no clitóris durante a penetração, para aumentar as chances de squirting.

Fontes: Tatiana Presser, psicóloga, sexóloga e autora do livro "Vem Transar Comigo" (Ed. Rocco); Fernanda Pauliv, consultora e palestrante de sensualidade, de Curitiba (PR).

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*Com reportagem publicada em 07/04/2019

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