"O Sétimo Guardião": Não é um problema homem usar calcinha para se excitar
Em "O Sétimo Guardião", o delegado Joubert (Milhem Cortaz) não se contenta em roubar e colecionar as peças íntimas das moradoras da fictícia cidade de Serro Azul: ele também veste as calcinhas para entrar no clima e curtir transas bem quentes com a mulher, a fogosa Rita de Cássia (Flávia Alessandra).
Embora as situações mostradas por Aguinaldo Silva na trama global das 21h façam parte do universo fantasioso criado pelo autor, o fetiche do casal, segundo especialistas, não é algo que foge às fantasias colocadas em prática em muitas camas por aí.
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De acordo com o psicólogo e terapeuta sexual Oswaldo Martins Rodrigues Jr., diretor do InPaSex (Instituto Paulista de Sexualidade Humana), a excitação masculina com o uso de lingerie é fonte de conversas constantes em seu consultório --só que, ao contrário do que ocorre em "O Sétimo Guardião", com mais conflito do que com prazer.
"A maior dificuldade dos homens que têm esse fetiche é encontrar uma parceira de vida com quem se sintam à vontade para usar lingerie e que isso seja parte do sexo. Não são poucas as mulheres que acreditam se tratar de um sinal de homossexualidade, que têm dificuldade em entender e não costumam aceitar a prática", conta Oswaldo.
Segundo Arlete Girello Gavranic, psicóloga e terapeuta sexual do Isexp (Instituto Brasileiro Interdisciplinar de Sexologia e Medicina Psicossomática), em São Caetano do Sul (SP), volta e meia o uso de peças íntimas femininas por um homem é visto de uma maneira bastante caricata na sociedade, como se eles fossem "gays enrustidos". É complexo, mas uma coisa não tem nada a ver com a outra.
"Na verdade, certos homens têm um tesão tão grande pela questão da lingerie que vivem a atração e uma excitabilidade maior quando a vestem. Não dá para dizer que é igual para todos, mas alguns sentem como se estivessem incorporando em sua própria libido aquilo que enxergam de mais sensual na feminilidade. É um estímulo erótico sexual que não tem nada a ver com homossexualidade, porque ele continua interessado na mulher", explica.
Há aqueles que praticam o fetiche com prostitutas e ainda os que, como forma de driblar as regras e as convenções, usam lingerie (a preferência maior é por calcinhas) por baixo do traje convencional de trabalho e passam o expediente satisfeitos com o "segredinho". "Isso não implica estarem em ereção o dia todo, mas a intenção persiste", fala Oswaldo, que ressalta: "Se o uso tem outra finalidade, como fazer com que o homem se sinta mulher, não se trata de fetichismo, mas relaciona-se a questões de identidade de gênero".
Para Carlos Eduardo Carrion, psiquiatra especializado em sexualidade, de Porto Alegre (RS), certos homens gostam de usar lingerie porque têm mais dificuldade em se excitar e precisam de estímulos diferentes. "Alguns podem também achar que sua masculinidade é algo grotesco e feio e querem disfarçá-la acrescentando elementos femininos. Mas, a rigor, não existem perfis definidos", diz.
Em sua opinião, o fetiche pode se tornar um problema conforme vai se tornando cada vez mais importante para a realização sexual do homem e/ou quando é a única forma de alcançar o orgasmo. É válido lembrar que tentar impor a fantasia à parceira é uma atitude que costuma causar crises na relação.
Mercado promissor
De olho num consumidor que existe, apesar de em sua maioria manter suas fantasias às escondidas, sex shops e marcas de lingerie vêm apostando cada vez mais em peças direcionadas aos homens: calcinhas de todos os tipos (mais largas ou fio-dental), camisolas, camisetes, meias-calças e até sutiãs masculinos podem ser encontrados facilmente, principalmente na internet. Entre as grifes estrangeiras, responsáveis pelo pioneirismo, destacam-se a norte-americana Menagerié (que entrega no Brasil) e a australiana Homme Mystere.
Por aqui, opções para todos os gostos podem ser achadas em sites de compras como Mercado Livre e Elo 7. Ao perceber que a mais de 70% de sua clientela é composta por homens, a marca pernambucana Swany's Lingerie testou o interesse por peças feitas especialmente para o público masculino em um post em seu blog com imagens de peças-piloto.
Segundo a gerente Flávia Swany, a receptividade levou à criação de uma linha masculina com previsão de lançamento para janeiro de 2019. "Notamos que existe, sim, uma procura por esse tipo de peça íntima no mercado. Como boa parte das peças que produzimos possuem pingentes com pedras e strass, vamos manter o mesmo padrão de delicadeza e acessórios nas lingeries masculinas. A única diferença entre elas será a parte da frente, que terá um tamanho maior e um compartimento para acomodar o pênis e o escroto", conta.
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