Por que algumas marcas estão optando por influenciadores artificiais

A tecnologia traz mais um cenário nas redes sociais: robôs dividem o espaço com modelos e celebridades reais. Na era digital, algumas marcas como Dior, Prada e Fenty Beauty estão apostando em modelos criados virtualmente para estampar editoriais e propagandas de seus produtos. É o caso de Shudu Gram, a primeira supermodelo artificial do mundo. Criada pelo fotógrafo britânico Cameron-James Wilson em 2017, a sul-africana trabalha para a marca de maquiagem de Rihanna e já posou para revistas mundialmente conhecidas.
Shudu (@shudu.gram) possui quase 150 mil seguidores no Instagram e é uma animação digital em 3D. Recentemente, James Wilson criou mais duas modelos e deu origem ao novo time de rostos da campanha da marca francesa Balmain. O trio, Margot, Shudu e Zhi, passa a ser o “virtual army” da grife. Seu diretor criativo, Olivier Rousteing, já havia dito ao "New York Times" que queria inovar: “Nós precisamos romper os limites. Precisamos conversar com a nova geração. Precisamos fazer moda relevante.”
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“Observando como o mercado tem evoluído, eu acredito que essa é uma possibilidade bem razoável para as marcas, não no sentido de substituição, mas sim de uma nova modalidade”, diz o prof. Eric Messa, coordenador do Núcleo de Inovação em Mídia Digital da FAAP. “Já é uma realidade bastante presente no Japão, onde, por exemplo, existem bandas compostas por músicos totalmente holográficos. A cultura oriental já está acostumada a ter experiências com personagens virtuais.”
Modelo, cantora e influenciadora
Miquela Souza, outro bom exemplo de perfil artificial, já ultrapassa o número de seguidores de Shudu. A influenciadora, de 19 anos, é de Los Angeles e acumula mais de 1,5 milhão de fãs em seu Instagram. Ela chama Trevor McFredies e Sara Decou de pais, mas na verdade eles são os fundadores da startup Brud, estúdio de robótica e inteligência artificial. Miquela (@lilmiquela) gera conteúdo novo todos os dias, fala de moda, política e feminismo. Já participou de campanha das marcas Supreme, Prada e Diesel e lançou até uma música no Spotify.
Um robô com personalidade e ética?
Para as empresas que já trabalham com os influenciadores artificiais, nada difere dos modelos-reais. Pelo contrário, existe a facilidade de não precisar lidar com problemas de agenda ou qualquer outro contratempo que uma negociação com uma celebridade teria. A marca pede o ensaio e, por um custo bem alto, o recebe pronto. Para o público, tudo continua igual. Alguns podem não se atentar ao fato de que a modelo é um robô, mas a informação não é escondida. Na descrição do perfil de Miquela, por exemplo, está escrito: “19/LA/Robot”.
Tudo o que é divulgado nas redes sociais é planejado – até mesmo por nós, com perfis pessoais. Quando falamos, então, de influenciadores a questão aumenta exponencialmente. Tanto Miquela quanto Shudu não possuem inteligência artificial (ainda), mas sim uma equipe por trás que cuida como essas personagens devem agir na web. Toda a criação e gestão é pensada, desde que cor de cabelo a modelo terá até como será seu comportamento.
Eric Messa alerta, então, sobre o viés duplo que esse caminho pode traçar: “Precisamos ter uma certa cautela com isso do ponto de vista ético. Quando você tem uma pessoa envolvida, tem-se também seus valores. Quando você tem um personagem, tudo é criado através de um roteiro que pode ser moldado a qualquer momento. É uma porta completamente nova para as marcas que podem ter a liberdade para criar um perfil de acordo com o que quiserem.” E esse é o perigo.
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