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Amor e ódio pelo trabalho, como Mendigata, pode ser vício, diz psicóloga

Fernanda Lacerda fala de seu trabalho como a Mendigata - Reprodução/PlayPlus
Fernanda Lacerda fala de seu trabalho como a Mendigata Imagem: Reprodução/PlayPlus

Ana Bardella

Colaboração para Universa

05/11/2018 04h00

Conhecida por interpretar a personagem Mendigata no "Pânico na Band", Fernanda Lacerda, agora participante do reality "A Fazenda", tem feito desabafos sobre a época em que ainda integrava a equipe do programa. De acordo com o que contou, muitos de seus colegas desenvolveram problemas emocionais devido ao clima ruim e de cobrança no trabalho. Em conversa com Nadja, ela própria revelou que teve uma complicação de pele relacionada ao estresse. "O médico ficou em choque", disse a participante, complementando com a explicação de que somente quem viveu um grande trauma costuma ter a doença.

A ex-colega de trabalho do humorista Evandro Santo, que também está na casa, chegou a ser descrita como uma pessoa "ambiciosa" por ele. Ela própria admite que, apesar das cobranças excessivas e do ritmo pesado de gravações, gostava de estar ali.

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Amor e ódio: sinal de vício 

"Assim como qualquer outra área da vida, o trabalho pode funcionar como um escape", explica Ellen Moraes Senra, psicóloga. De acordo com a profissional, se a pessoa não está com as emoções equilibradas, pode depositar no trabalho toda a energia que tem, dando a ele um peso maior do que deveria. "E então começam os problemas emocionais e fisiológicos", aponta.

Devido ao estresse, doenças podem se desenvolver, como no caso de Fernanda. O que chama atenção é que, mesmo percebendo o efeito dos excessos sobre o corpo, a pessoa pode continuar sentindo prazer no "relacionamento abusivo" com a profissão. "Por estar fugindo de emoções não-resolvidas, os workaholics se apegam à rotina e não conseguem passar muito tempo afastados", indica. Uma das características de quem está viciado em trabalhar é impor a si mesmo metas inatingíveis a fim de sempre se esforçar um pouco mais. 

Vida pessoal abandonada 

A modelo, que tem se relacionado com o ator Caique Aguiar, revelou a ele que não considera sua vida fora das câmeras interessante, uma vez que está sempre trabalhando. Ellen reforça que uma das consequências do vício em trabalho é a solidão. "Como a pessoa está sempre priorizando as atividades profissionais em detrimento das relações amorosas ou familiares, a tendência é de que ela se isole cada vez mais", esclarece. Isso afasta os demais e pode destruir as ligações pessoais. "Muitas vezes o viciado só se dá conta de que não valeu a pena se dedicar tanto ao ofício quando não é mais possível reatar os laços", alerta.

Pressão externa pode piorar o vício

No caso de Fernanda, o mau relacionamento dela com um diretor (de quem não quis revelar o nome) pode ter contribuído para que ficasse mais estressada. Pelo que relatou, a pressão que sofria do chefe era excessiva e a maneira como era tratada fazia com que se sentisse "uma imprestável". Para a psicóloga, quando existe outra pessoa não-saudável envolvida, a situação pode se tornar ainda mais grave, uma vez que além das cobranças internas, o viciado precisa lidar também com a pressão externa. Em ambos os casos, o recomendado é que a pessoa procure um auxílio profissional para se recuperar.