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'Sem ser subalterno nem usar uniforme': empresa só tem babás LGBTs

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Marcos Candido

Da Universa

15/09/2018 04h00

O empresário Biel Lima, 31, é especializado em recreação infantil e usava os conhecimentos para cuidar dos sobrinhos. A decisão em transformar o cuidado de crianças em uma fonte de renda parecia promissora, mas ele queria ir além. “Pensei: por que não criar uma empresa que empregue babás LGBTs?”, diz.

Foi assim que nasceu a Babá Beau, uma empresa que emprega e inclui uma rede de babás lésbicas, gays, bissexuais e trans. “Queremos subverter a ideia de que a babá é uma profissão considerada subalterna. A ideia é trocar nossas vivências e experiências com a família”, diz o empresário, que é gay.

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No lugar do uniforme, roupas informais e atividades como ir a parques, museus e teatros. O universo cultural é bem familiar: Biel é músico e trabalha com babás que também são artistas. “Não é só olhar e cuidar. As crianças são estimuladas brincar com música e a dança. Nós deixamos uma sugestão cultural para os pais levarem os filhos no fim de semana”, conta.

O empresário Biel Lima  - Divulgação - Divulgação
O empresário Biel Lima
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O atendimento é voltado a qualquer modelo familiar, mas a prioridade são mães solo. O empresário faz às vezes como babá, mas também há mulheres trans e lésbicas como colaboradoras fixas. “A gente pensa mais em questões sociais. Nós ficamos preocupados com a naturalização da criança em enxergar diferenças entre as pessoas. Cuidei de duas meninas que me perguntaram se eu namorava o Biel, e expliquei que eu na verdade gostava de meninas. Elas achavam errado, e eu expliquei”, conta a babá Larissa Lima, 23.

Criada em junho, a empresa foi contratada e indicada por Djamila Ribeiro, filósofa e uma das principais vozes do feminismo negro no país. Depois da indicação, Biel afirma que a demanda aumentou. É verdade que a repercussão  que ficam curiosas sobre qual o diferencial do atendimento. E, para isso, eles já têm a resposta.

“O principal diferencial é uma pessoa assumidamente LGBT, e que não esconde isso, entrar na sua casa. Apresentar a diversidade logo na primeira infância faz com que elas cresçam e entendam que somos iguais”.