Shibari: conheça a prática japonesa que amarra o parceiro para dar prazer

Conhecido atualmente como uma técnica erótica, o shibari pode ser definido como uma brincadeira adulta que os entusiastas de BDSM (um acrônimo para Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão e Sadomasoquismo) consideram parte das preliminares do ato sexual.
Mas ela não surgiu apenas para dar prazer, muito pelo contrário. Suas origens históricas são da época do Japão medieval. A técnica era utilizada para a contenção de prisioneiros comuns e criminosos de guerra. Como havia pouco metal no país, destinado apenas para a confecção de espadas, usava-se cordas.
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Com o tempo, as amarrações foram se aperfeiçoando até se transformarem em uma prática de tortura - os japoneses descobriram que, ao apertar determinados pontos do corpo do inimigo, era possível provocar uma dor tremenda. Com a diminuição dos conflitos no país, o shibari migrou para o teatro e, depois, para os quartos de casais aventureiros.
“As técnicas usadas no BDSM estão muito ligadas ao princípio de encontrar prazer na dor. Com o shibari, não é diferente”, diz Toshi-San, praticante de shibari, que promove workshops para ensinar a técnica a iniciantes.
Além da imaginação
A explicação para encontrar prazer na dor está na própria fisiologia e na mente de quem vai ser dominado e amarrado. Primeiro, a pessoa é envolvida pela expectativa do que vai acontecer. Em seguida, o medo, o estresse e a ansiedade se fundem, o que pode propiciar um orgasmo intenso.
“Tive experiências maravilhosas com o shibari, desde o momento em que o dominador fecha a porta do quarto e começa a procurar as cordas na mochila até muito depois de ser desamarrada. Sinto um enorme tesão provocado pelo clima tenso”, conta Nay, 31, praticante de BDSM. “São vários sentimentos e sensações diferentes ao mesmo tempo, como o arrepio na pele e a sensação de ter superado o medo inicial e aprender a expandir os limites do meu corpo. Por fim, vem a sensação de aconchego e calma deliciosa”, fala a praticante.
Sensualidade e beleza
No shibari, a estética é valorizada. Os nós devem ficar firmes, seguros, mas também bonitos de se ver. É preciso destreza no manuseio das cordas e muita paciência. Alguns praticantes, inclusive, preferem não misturar o shibari com o ato sexual. “É muito delicado e eu consigo sentir prazer apenas sendo amarrada. A sensação é indescritível, me sinto entregue e relaxada – não presa. É como se fosse um transe, quando a mente parece sair do corpo. As sensações se intensificam, toques leves parecem explosões na pele. Como sou masoquista, a dor gera muito prazer em mim”, conta Vicky, 22, entusiasta das práticas BDSM.
Mãos às cordas
O shibarista Luis Ferraz, criador do site Arte Shibari Brasil (www.arteshibaribrasil.com.br) e Toshi-San dão algumas dicas para quem quer testar a amarração. Mas é importante frisar que os cursos específicos sobre o tema são importantes para não colocar o parceiro em risco.
- O shibari exige pouco material: cordas, tesoura de ponta romba (usada em primeiros socorros) e água. “A água é para que a pessoa beba caso caia a pressão”, explica Ferraz. As cordas de fibras naturais, como juta e algodão, com calibre de 6 a 8mm, são as mais indicadas.
- Por segurança, não é recomendável que a corda seja passada no pescoço ou na cabeça, sob risco de causar algum acidente. Nas mulheres, deve ser passada acima ou abaixo dos seios, nunca em cima deles.
- Ao primeiro sinal de que o parceiro dominado está sentindo algum tipo de mal-estar, como formigamento nos membros amarrados ou tontura e sensação de claustrofobia, desate os nós e encerre a prática. É preciso monitorar a cor e a temperatura da pele de quem está sendo amarrado, a pressão constante sobre um membro restringe a circulação de sangue e pode causar danos.
- O tempo amarrado pode variar de alguns minutos até uma hora, tudo depende de quantas amarrações e posições a sessão será composta. O descanso é importante para completar o prazer sentido pelos praticantes.
- É possível aprender alguns nós em tutoriais na internet e sites especializados (comece pelo nó direito). Em workshops presenciais, porém, o aprendizado é maior. Lá são abordados temas como segurança, anatomia do corpo humano e lugares onde a corda deve ou não passar, além das técnicas de como fazer os nós.
- Quem define os limites da brincadeira é a pessoa a ser amarrada. O casal pode, inclusive, se revezar no jogo erótico. É essencial que haja confiança entre os parceiros, por isso, conversar antes de começar é fundamental.
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