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"Fui prostituta e hoje sou uma empresária de sucesso"

Divulgação/Arte UOL
Imagem: Divulgação/Arte UOL

Beatriz Santos e Carolina Prado

Colaboração para Universa

14/07/2018 04h00

Como muitas mulheres, Vanessa de Oliveira conta que começou a fazer programas para se manter financeiramente. Com o dinheiro que juntou, estabilizou-se e fez faculdade. Depois de cinco anos, decidiu largar a profissão e estruturou o próprio negócio, do zero. "Não me arrependo e, principalmente, não fico me vitimizando pelo que passei ou fiz. Meu foco foi buscar alternativas para ir além", diz. Leia o depoimento de Vanessa:

“Comecei a fazer programa por necessidade, aos 17 anos. Eu já tinha uma filha e estava na maior pindaíba, com a luz cortada, já tinha morado com 11 mulheres na mesma casa, por causa de dinheiro. Uma dessas mulheres que eu conheci tinha 53 anos e era uma senhora de programa, então, um dia, ela me falou: ‘Eu, com a sua idade, ganharia muito dinheiro, você só passa vontade porque quer. Quando quiser mudar de vida, é só me avisar que te ajudo’.

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Daí, um dia, eu estava no desespero e liguei para ela. E ela me falou algo que eu nunca mais esqueci: ‘Se o teu primeiro programa for fácil, você não vai querer parar mais’. Não deu outra, peguei um cara com ejaculação precoce, que me pagou R$ 80 e, na época, isso era muito para mim. Não me senti mal em momento algum, me senti aliviada, com a vida ganha. Foi um programa de nem cinco minutos e eu só fiz as contas: se eu estou ganhando isso em uma noite, quanto vou tirar em uma semana, um mês, um ano? 

Fiquei na profissão por cinco anos e tive cinco mil parceiros nesse tempo.

A rotina de uma garota de programa é sempre muito igual. Eu desenvolvi uma técnica de trabalho como você desenvolve em qualquer outra profissão, algo que torna as tarefas mais fáceis, menos cansativas e que permite atingir objetivos altos. Com isso, cheguei a fazer 13 programas por dia. Eu tinha desenvolvido um esquema, eram as mesmas palavras, as mesmas posições, os mesmos toques, tudo, igual receita de bolo. Até certo ponto, aquilo foi confortável para mim, mas uma hora eu quis sair, buscar algo diferente.

Enquanto ainda estava fazendo programas, fui estudar enfermagem. Eu trabalhava à tarde, à noite, de madrugada e, às 8h, tinha que estar de pé, na faculdade. Mesmo assim, nunca repeti uma disciplina. Só que, naquela época, eu já percebi que não ia me contentar com aquela atividade, principalmente do ponto de vista financeiro. Ia ganhar um salário de R$ 3.000 contra os R$ 10.000 reais que eu fazia no programa, e isso há mais de dez anos.

Comecei a pensar em ter o meu próprio negócio, porque eu também estava acostumada a não ter que me submeter a ninguém.

Comecei dando conselhos em um antigo blog meu. Eu tirava sarro da mulherada, falava para elas deixarem de ser submissas aos homens. E, mesmo assim, elas queriam me ouvir, me escreviam no privado e me pagavam para trocar e-mails com elas. Aí tive a ideia de começar a trabalhar com isso e iniciei os atendimentos on-line, como coach de relacionamentos. E, assim, fui estruturando a minha empresa, do zero.

Hoje, tenho 43 anos e meus cursos somam mais de dez mil alunas. Para mim, a profissão do sexo nunca foi um fim, apenas um meio. Eu me senti bem e confortável para parar. Eu não sinto falta, não me arrependo do que fiz e, principalmente, não fico me vitimizando. A nossa ideia como ser humano deve ser a de sempre buscar mais. E foi o que aconteceu comigo, eu me foquei em buscar alternativas para ir além.”