Kell Smith: "Queria ser mãe, mas não queria um marido"
No Uber, na TV, na academia, lá está ela: “É que a gente quer crescer/E quando cresce quer voltar do início/Porque um joelho ralado dói bem menos que um coração partido”. Kell Smith e sua música “Era uma Vez” já têm 150 milhões de visualizações no YouTube e 32 milhões de execuções no Spotify.
Essa paulista de 24 anos, nascida de família evangélica, tornada feminista, mãe muito jovem, tatuada e de cabelo moderno, é a nova e bem-vinda voz das meninas corajosas: quis ter filho sem casar, não aceita ser chamada de “feminista escrota” e nem que artista “fique em cima do muro”.
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Você decidiu engravidar, aos 20 anos, do seu melhor amigo. Por quê?
Meu sonho sempre foi ser mãe e ainda jovem. Só que eu não queria casar, ter um marido. Então, um dia, do nada, propus a esse amigo, com quem eu morava numa república: “Quer ter um filho comigo?”. Ele topou. Engravidei logo e ele curtiu toda a gestação da Alice, que hoje tem quatro anos. Não temos um relacionamento amoroso, mas de cumplicidade e amor por ela. Hoje, ela mora no interior, com meus pais. Não quero que viva na loucura de São Paulo.
Ela deve sentir sua falta.
Sim, acho que da minha presença. Vira e mexe, diz: “Tuga (como ela me chama), queria que você estivesse aqui. Precisa mesmo trabalhar tanto?”. A gente conversa todo dia por vídeo ou telefone. Somos amigas. Quando alguém pergunta com que trabalho, ela diz: “Minha Tuga canta para as pessoas serem mais felizes”.
Sobre o que vocês conversam?
Conto da nossa história, que sou amiga do papai, e que as famílias são diferentes. Ela entende, porque coloca o amor em primeiro lugar.
Aproveito pra ensinar que não existe essa de menino só namorar menina e menina só namorar menino.
Sua música toca sem parar e você agora é famosa. O que tem de ruim nessa nova vida?
Ficar exposta o tempo todo. Nunca recebi tanta mensagem de ódio. Dói ler coisas como “você deve morrer, sua feminista escrota”. E aí eu penso: enquanto existir esse tipo de cara, preciso falar de feminismo. A gente tem que dizer o que que tem vontade, não pra aparecer no Faustão.
Por que mudou o nome de Keylla Cristina dos Santos para Kell Smith?
Minha mãe me chama de Kell porque confunde meu nome com o da minha irmã, Kelly. O Smith criei para cantar em bares, divulgar show.
No começo, me escondia atrás desse alter ego. Tinha medo de dar opinião e ser rejeitada.
E hoje?
Percebi que artista precisa se impor. Não pode ficar em cima do muro, ser imparcial.
Você é filha de missionários evangélicos e diz só ter ouvido gospel até os 12 anos. Aos 23, lançou a ousada "Totalmente Ela", que diz: "Não sou só um rosto bonito/ Batom, salto alto, decote, vestido/ Mais um incentivo pra sua libido/ Não que isso seja algo proibido/ Mas nesse momento sou eu quem decido/Se dorme sozinho, ou se volta comigo". Como foi essa transição?
Meus pais nunca foram conservadores. Eles me ensinaram sobre um Deus que não ama apenas brancos, héteros e ricos. Quando era adolescente, meu pai me apresentou a um disco da Elis Regina e me apaixonei. Comecei a tocar em bares, fazer faculdade (de Administração) e a me interessar pelas questões feministas.
Ainda é religiosa?
Sim. Frequento a igreja, faço reuniões em casa e acompanho cultos online. Deus é meu melhor amigo.
São quantas as suas tattoos?
Parei de contar quando fiz a vigésima. Na barriga, tenho “Yes I Can”. Gosto de ler quando me olho no espelho e é também uma referência ao Obama, meu Deus, hahaha. Tenho também “fé”, “free” e “como tu madre”, que é uma tatuagem feminista, “até sermos um”, que significa se colocar no lugar do outro e o horário que a Alice nasceu.
Você era loirinha e cabeluda até três anos atrás. Por que mudou tudo?
Em parte, foi ideia do Rick Bonadio, meu empresário. Eu disse pra ele que quanto mais limpa estivesse minha cara, mais eu conseguiria me expressar. Então, ele sugeriu o corte curtinho. Quando me vi com o rosto tão exposto, pensei: “É isso”. Amo. Compro shampoo a cada três meses. O ruim é no frio, que a nuca congela.
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