Suecas usam blusas com laços para protestar assédio na Academia do Nobel

Desde que a secretária permanente da Academia Sueca, Sara Danius, pediu demissão em decorrência dos escândalos de abusos sexuais que aconteciam dentro da instituição responsável pelo Prêmio Nobel, mulheres em toda a Suécia estão vestindo blusas com laços — ou colocando o acessório em outras partes de suas roupas e cabelos — para protestar e manifestar solidariedade a ela.
O escândalo #MeToo da Academia, como tem sido chamado pela imprensa internacional, se tornou conhecido na quinta-feira, 12. Primeira mulher a presidir o comitê do Nobel de Literatura, Sara se viu forçada a deixar o cargo depois que 18 mulheres acusaram em reportagem do jornal "Dagens Nyheter" o dramaturgo Jean-Claude Arnault, figura importante do meio cultural do país, de assédio e abuso sexual.
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A questão atingiu a Academia porque o jornal também apontou que Jean-Claude não só cometeu alguns destes crimes dentro de propriedades da instituição como dela recebia verbas para projetos pessoais.
A saída de Sara de seu cargo foi vista por intelectuais locais, entre eles Ebba Witt-Brattström, professora de literatura nórdica da Universidade de Helsinque, como uma medida burocrática e misógina, já que uma mulher foi a única diretamente atingida por um crime cometido por um homem.
"O que eles fizeram foi orquestrar uma revolução palaciana, um golpe para se livrar dela, porque ela era muito teimosa. E eles não estão acostumados a mulheres teimosas", afirmou a professora ao mesmo jornal.
Desde então, mulheres por todo o país iniciaram um movimento online #knytblusförsara — a hashtag significa, em tradução livre, "blusa de laço por Sara" —para manifestar seu repúdio aos crimes e à posição da instituição.
Vale lembrar que o laço na blusa é um símbolo icônico de protesto desde o movimento feminista dos anos 80 pelos direitos de trabalho da mulher até as últimas eleições para presidente dos EUA, quando mulheres célebres como Emma Stone adotaram a prática para apoiar a posição de Hillary Clinton em relação ao escândalo das fitas de Donald Trump, em que ele afirmava agarrar mulheres por suas partes íntimas.
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