Sexo e relacionamento só com quem não come carne: conheça os vegansexuais
A estimativa da Sociedade Vegetariana Brasileira é que no país há cerca de 5 milhões de veganos, pessoas que excluem da alimentação qualquer alimento de origem animal – não só carnes, mas também ovos, leite, queijos e mel, por exemplo.
A filosofia do veganismo é evitar ao máximo qualquer produto que gere exploração ou sofrimento animal, por isso, os veganos só usam roupas e produtos de beleza com matéria-prima vegetal ou sintética e que não envolvam testes em animais. O veganismo é uma parte da identidade da pessoa, o que explica muitos deles escolherem só se envolver com outros veganos. São os chamados vegansexuais.
A professora Ana Carolina Soares, 22 anos, é vegana há um ano. “Eu decidi que não queria mais contribuir para a exploração animal”, diz. Desde então, prefere sair só com quem pensa da mesma forma que ela. “Já desisti de encontros ao descobrir que a pessoa era carnista, porque eu já passei por isso e sei que as diferenças vão aparecer em algum momento”, diz.
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“Para mim, conviver no dia a dia com pessoas carnistas é tão desgastante quanto manter amizade com uma pessoa machista ou homofóbica. Há muita diferença de ideias e, por isso, relacionar-se pacificamente se torna complicado”, explica Ana Carolina.
Para o presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira Ricardo Laurino, a escolha de se relacionar somente com veganos é uma busca natural por alguém com os mesmos valores. “Sabemos que relacionamentos são difíceis mesmo com pensamentos parecidos, por isso buscamos afinidades do par. O veganismo não é uma dieta, é um modo de vida”, diz.
A professora concorda. “Relacionamento entre carnista e vegano é cansativo para ambos os lados: a outra pessoa dificilmente aceita que eu não quero participar dos churrascos com a família ou amigos e para mim é cansativo também ter que encarar cara feia toda vez que sugiro um restaurante vegano, porque o outro sempre acha que a comida é cara e ruim”, diz.
Meio-termo
A chefe de cozinha Rute Rodrigues, 36, é vegana há dois anos. Três anos antes era vegetariana, ou seja, não comia qualquer tipo de carne. Quem influenciou nessa escolha foi o marido, que há dez anos não consome carne. “Ele nunca me forçou a mudar os hábitos alimentares, mas quando eu perguntei porque ele não comia, a explicação dele fez sentido para mim. Passei a ler mais sobre o assunto e fiz a transição naturalmente”, diz.
Ele continua sendo vegetariano, o que não é motivo de desentendimento entre eles. “A única diferença entre nós é que ele ainda gosta de comer um pão de queijo. Mas 90% do nosso hábito alimentar é o mesmo”, diz.
Ela garante que mesmo quando comia carne não havia brigas entre eles, mas a vida a dois hoje é mais fácil. “Quando saíamos para comer, cada um pedia um prato e, em bares, acabávamos pedindo fritas e porção de queijos. Mas hoje ficou muito mais fácil e prático para gente comer junto, seja num restaurante ou em casa, fala.
Match com veganos
Mas será que o filtro do veganismo não torna mais difícil encontrar um parceiro amoroso? Ana Carolina garante que não. “Eles estão nos aplicativos de relacionamento, nos grupos de Facebook e em restaurantes veganos”, diz. Também são encontrados na roda de amigos de pessoas veganas – muitos praticantes de ioga e meditação seguem a filosofia, por exemplo.
O movimento vegano tem crescido. Dados do Instituto Ipsos - empresa de pesquisa e de inteligência de mercado - apontam que 28% dos brasileiros têm procurado comer menos carne. “É claro, você não esbarra neles na mesma proporção com que esbarra em pessoas carnistas, mas não é tão difícil quanto parece”, fala Ana Carolina.
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