Topo

'Exigimos apuração': vereadoras cariocas lamentam assassinato da colega

As vereadoras da Câmara Municipal carioca - Reprodução/Facebook
As vereadoras da Câmara Municipal carioca Imagem: Reprodução/Facebook

Da Universa, em São Paulo

15/03/2018 19h46

Dos 51 vereadores eleitos para a Câmara municipal carioca em 2016, apenas 7 foram mulheres. Entre elas estava Marielle Franco (PSOL), assassinada nesta quarta-feira (14), no Rio de Janeiro.

Colegas de Marielle, as vereadoras foram às redes sociais para homenagear, pedir investigação e também lamentar a morte da vereadora.

“Eu e a Marielle nos encontramos no nosso primeiro mandato, duas mulheres que por caminhos diferentes se encontraram em um espaço que a parte preconceituosa da sociedade dizia que não era pra gente”, escreveu a vereadora Luciana Novaes (PT) nas redes sociais.

Veja também

A vereadora Rosa Fernandes (PMDB) pediu investigação do caso. “Atuante, determinada, inquieta, combativa, abusada (no melhor sentido da palavra), Marielle venceu todas as impossibilidades de uma vida difícil e, com inteligência e preparo, FOI A VOZ dos direitos humanos na Câmara Municipal. Exigimos apuração e justiça!”

Já a vereadora Teresa Bergher (PSDB) lamentou via Facebook. “Hoje quando cheguei no plenário, ela me deu um abraço. Marielle era assim, carinhosa, sentava ao lado do David [Miranda, do PSOL] que senta do meu lado. Estava sempre brincando, sempre alegre, com aquele sorriso lindo estampado no rosto. Uma ótima colega. Apesar de sermos de partidos com ideologias diferentes, estávamos sempre do mesmo lado, o lado da população”.

“Esse episódio cruel mostra uma aptidão excepcional que o Rio tem demonstrado pela barbárie: pessoas são mortas todos os dias, estejam em posições de destaque na sociedade, estejam na periferia, nas ruas”, publicou Veronica Costa (PMDB) em seu perfil pessoal no Facebook.

Atuação na Câmara; era a única negra

Mariell foi presidente da Comissão de Defesa da Mulher na Câmara Municipal carioca. Das sete eleitas nas últimas eleições municipais, era a única negra.

Na Câmara, foi uma das autoras da lei que regulamenta o mototáxi, serviço especialmente importante aos moradores das periferias fluminenses. Também foi favorável a projetos que ainda podem entrar em discussão na Câmara, como a instalação de centros de saúde para pessoas transgêneros, proibição de perguntas sobre orientação sexual e gênero em entrevistas de emprego e cartilhas em prol da saúde da população LGBT.

A vereadora morta havia sido recém empossada como relatora da comissão da Câmara Municipal que vai acompanhar a intervenção militar no Rio de Janeiro. Era socióloga pela PUC-Rio, onde foi bolsista. 

Em 2016, foi eleita com 46.502 votos, tornando-se uma das candidatas mais votadas na cidade. Todas as demais vereadoras cariocas usaram as redes para prestar homenagem à colega. 

Enterro

Os corpos de Marielli e do motorista Anderson Pedro Gomes, 39, também assassinado nesta quarta-feira (14), foram velados na Câmara Municipal do Rio de Janeiro nesta quinta (15). Pessoas que acompanharam o velório em frente à Câmara vestiam preto. Muitas pessoas seguravam cartazes com a pergunta: “Quem matou Marielle?”

O caixão com o corpo da vereadora chegou às 17h no cemitério São Francisco Xavier, no complexo do Caju, zona norte do Rio de Janeiro.

Em nota, a Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro decretou luto oficial de três dias.