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Pela democracia e vida das mulheres: 8 de março terá marchas em 21 estados

Integrantes da Marcha Mundial das Mulheres fazem passeata na avenida Paulista, em São Paulo, em 2013 - Marlene Bergamo/Folhapress
Integrantes da Marcha Mundial das Mulheres fazem passeata na avenida Paulista, em São Paulo, em 2013
Imagem: Marlene Bergamo/Folhapress

Helena Bertho

Do UOL

07/03/2018 11h19

No Dia Internacional das Mulheres, movimentos feministas prometem parar as principais capitais do país e cidades do interior com marchas, atos e greve. Entre as demandas, além da luta contra a violência de gênero e pelos direitos das mulheres, aparecem também pedidos mais gerais como o fim da intervenção militar no Rio de Janeiro e a "volta da democracia".

"Fazemos a análise de que o Brasil vive um golpe e sua política afeta diretamente a vida das mulheres. Vemos constantemente um ataque aos direitos, autonomia e ao corpo das mulheres no Congresso Nacional", afirma a socióloga Fernanda Maria Caldeira, 29, do Movimento Levante Popular da Juventude, e uma das responsáveis pela organização dos atos em Belo Horizonte.

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Da mesma forma, o grupo que organiza a mobilização no Rio de Janeiro incluiu o fim da intervenção militar como uma das principais demandas. "A gente acredita que não é uma solução. Porque ela penaliza unicamente os moradores das comunidades, e a população que mais sofre é a negra, com atenção principal à mulher negra", diz a administradora Flávia Prata, que participa da organização do movimento.

A reforma da Previdência também surge entre as pautas, assim como demandas tradicionais do movimento das mulheres: descriminalização do aborto, maior combate ao feminicídio, à violência de gênero, ao assédio e ao estupro.

Greve Internacional das Mulheres

Desde 2017, movimentos de diversos países convocam uma greve internacional das mulheres para 8 de março, como forma de chamar atenção às demandas do movimento. No segundo ano, no entanto, a movimentação por uma greve feminina no Brasil tem sido pequena.

"Uso a metáfora de que a água aqui ainda não ferveu e ela só ferve a 100º C. A gente precisa trabalhar a radicalidade de uma greve de mulheres, inclusive para que o trabalho doméstico pare. E para isso é preciso ter uma capilaridade que ainda não chegou, mas há de chegar", defende a sanitarista Lara Werner, 36, integrante da Greve Internacional das Mulheres e do 8M Brasil e 8M Porto Alegre.

Nos chamados por mobilização ao redor do país, em vez de greve, atividades e marchas estão sendo divulgadas. Os motivos para a não adesão à paralisação são muitos: grande participação das alas femininas de partidos políticos, discordâncias internas e também o cenário político.

"A gente sabe que, neste momento político de extremo retrocesso e condições de vida muito hostis para a população em geral, o cenário dificulta a greve, porque as pessoas ficam mais reféns do sistema, com mais medo de parar", fala Lara. Mas ela diz achar que toda a movimentação para a data já é de grande importância. "O fato de as pessoas estarem em seus ambientes de trabalho conversando sobre isso já é uma forma de parar."

Confira os locais e horários dos atos ao redor do Brasil.

Ao redor do mundo, eventos e marchas estão sendo organizadas. A Marcha Mundial das Mulheres também está fazendo um chamado para greve, com o tema "Um dia sem Mulheres", pedindo que mulheres não trabalhem, não façam compras e usem vermelho em solidariedade a outras mulheres.