Oscar 2018: O que você precisa saber sobre os protestos na premiação
A edição de 2018 do Oscar, que acontece neste domingo, 4, trará mais uma onda de protestos contra os assédios e abusos sexuais praticados em Hollywood — que foram massivamente denunciados e expostos no último ano, como é o caso daqueles praticados pelo produtor Harvey Weinstein.
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Apesar de não haver uma orientação para vestir ou não o preto no tapete vermelho, é provável que algumas atrizes voltem a usar a cor que deu o tom das manifestações no Globo de Ouro novamente, como aconteceu no Grammy e no BAFTA, que foram palcos de manifestações de solidariedade em relação às sobreviventes.
A produtora Shonda Rhimes, criadora de séries como "Grey's Anatomy" e uma das fundadoras da iniciativa "Time's Up" afirmou à agência "Associated Press" que não havia delimitação para o dresscode, mas que a campanha marcará presença, sim. Apesar de não detalhar mais sobre os planos das grandes forças femininas da indústria, a showrunner afirmou que o esforço "foi lançado em um tapete vermelho, mas nunca houve intenção de que ele vivesse ali".
Ela ainda finalizou afirmando que o objetivo que se torna realidade agora é que a iniciativa tenha alcance global. Desde que foi lançada em janeiro, a "Time's Up" já arrecadou mais de US$ 21 milhões para o seu fundo de defesa legal para mulheres que foram alvo de assédio e abuso sexual, moral ou doméstico, discriminação no trabalho, entre outras violências de gênero.
Qual é o impacto dos últimos protestos na edição 2018 do Oscar
Apesar de o canal "E!" ter mantido o apresentador Ryan Seacrest como um dos líderes de sua cobertura de tapete vermelho da premiação mais nobre do cinema, a própria Academia já sentiu o impacto das denúncias e protestos contra os assediadores.
O ator Casey Affleck, vencedor do Oscar de Melhor Ator do ano passado por "Manchester à Beira-Mar", se retirou da apresentação da premiação após críticas ferrenhas foram feitas contra ele. O irmão de Ben Affleck já respondeu a processo por violência sexual contra uma de suas assistentes no filme "Eu Ainda Estou Aqui".
"Nós apreciamos a decisão dele de manter o foco na premiação e nos ótimos trabalhos deste ano", afirmou a Academia em comunicado à imprensa.
E se o preto não aparecer no figurino, é possível esperar, com certeza, mais discursos fortes contra personalidades como Casey.
O que é a Time's Up — a campanha que nasceu nos protestos do tapete vermelho e ganhou o mundo
A "Time's Up Now" ou #TimesUp é uma iniciativa para estimular práticas que combatam e previnam a violência contra a mulher e a desigualdade de gênero dentro e fora da indústria do cinema.
Entre elas, está o lançamento de um material educacional, publicado em seu site em janeiro, sobre como lidar com um sobrevivente de violência sexual ou como procurar ajuda legal e emocional se você é um. Lá há informações sobre órgãos que já atendem homens e mulheres nestas situações de fragilidade, além de um compromisso público de propor legislação que combate a prática e atenda quem sofreu com ela.
Sua ação de impacto mais direto, no entanto, é a promoção de um Fundo de Defesa Legal — como já citado — para sobreviventes de violência sexual, com que grandes players do cinema, além do público pode contribuir com doações. O dinheiro será revertido para quem quer buscar justiça contra os seus agressores, mas não tem meios financeiros para tal.
Quem a faz?
Um grupo de 300 mulheres da indústria da tevê e do cinema, entre elas Reese Witherspoon, America Ferrera, Eva Longoria, Ashley Judd, Emma Stone, Rashida Jones, Kerry Washington e Shonda Rhimes, se reuniu para discutir as medidas que poderiam ser tomadas contra os assédios e conta hoje com o apoio de executivos, agências de talentos e produtoras como a "Bad Robot" de J.J. Abrams, nas ações.
O Fundo de Defesa Legal da "Time's Up" é liderado pelas advogadas Nina Shaw e Tina Tchen, que era até 2016 a chefe de gabinete de Michelle Obama.
O que ela muda no mundo do cinema?
Entre as diretrizes da "Time's Up" está a negociação igualitária de salários para homens e mulheres, a exigência de maior representatividade nas posições de poder de projetos na indústria, apoio (inclusive legal) aos sobreviventes que relatarem violência, levantamento de dados sobre o cenário de representatividade e exigência da paridade de gênero em estúdios e agências — o que pode mudar como Hollywood é gerida enquanto negócio.
É possível (e espera-se) que, nas telas, acompanhemos nos próximos anos mais projetos femininos ganhando destaque como resultado direto da organização do movimento, que envolve muitas figuras importantes do cinema e da tevê seja na frente ou atrás das câmeras. O que trará um impacto direto para premiações como o Oscar.
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