Enfim, mulher ocupará lugar central em tecnologia na Índia
Em um sinal dos tempos, a organização que representa e defende o setor de serviços de TI da Índia, de US$ 167 bilhões, em breve terá sua primeira chefe mulher.
A veterana da Intel Debjani Ghosh assumirá a presidência da Associação Nacional de Empresas de Software e Serviços (Nasscom, em sua sigla em inglês) em abril — três décadas depois de a associação ser formada.
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Após uma carreira de duas décadas na fabricante de chips dos EUA, mais recentemente como diretora administrativa para o Sul da Ásia, Ghosh comandará o órgão comercial que representa as líderes globais em terceirização de software, da Tata Consultancy Services à Infosys.
Ghosh promete defender as mulheres em um ambiente de trabalho que continua sob o domínio dos homens.
Sua nomeação ressalta até que ponto a indústria local está tomando consciência da desigualdade de gênero que assola o setor de tecnologia global, a começar por seu epicentro, o Vale do Silício, e que resultou em assédio e discriminação em todos os níveis.
Ghosh, também investidora-anjo em várias startups, argumentou que mudanças no alto escalão e na mentalidade são necessárias para criar condições equitativas. O setor de serviços de TI da Índia emprega cerca de quatro milhões de trabalhadores qualificados e quase um terço deles são mulheres.
Mas o desequilíbrio se torna maior a cada degrau da hierarquia: nenhuma das maiores empresas de serviços de TI da Índia já foi dirigida por uma mulher. Parte do problema é a fuga de profissionais, disse Ghosh em uma entrevista.
"As coisas têm que mudar. Temos que prestar atenção nas mulheres talentosas e capazes que estão indo embora", disse Ghosh, que foi uma presença de destaque na conferência anual da Nasscom, que termina nesta quarta-feira em Hyderabad, na Índia. "O desafio são as fugas de talentos e eu quero me concentrar em resolver isso."
De acordo com um estudo de 2017 da Nasscom chamado "Women and IT - Scorecard", as empresas de tecnologia enfrentam um problema considerável na hora de manter as mulheres após a licença-maternidade.
Entre homens e mulheres que começam a carreira na mesma idade, as mulheres progridem mais devagar e os homens em posições seniores geralmente são mais jovens do que as mulheres em um nível similar, concluiu o estudo depois de analisar 55 empresas.
"O problema, claramente, não é a etapa de preparação, já que as faculdades de engenharia têm registrado paridade de gênero nas matrículas há anos", disse Ghosh durante a conferência de três dias.
Ghosh assume o cargo em um momento crítico para um setor que contribui com cerca de 8 por cento do produto interno bruto do país. Ela representará um setor que está deixando de lado trabalhos obsoletos e mal remunerados, como a manutenção de sistemas informáticos, e entrando em novas tecnologias, da nuvem à inteligência artificial.
Ela ajudará os mais de 2.400 membros da Nasscom a lidar com questões polêmicas, como a contratação de funcionários, que está diminuindo devido ao começo da automação, e a probabilidade de mais demissões. O setor de TI da Índia também enfrenta o problema das barreiras à imigração em seu maior mercado, os EUA.
Mas, de certa forma, sua própria nomeação já é considerada uma vitória.
"O setor precisa de mais modelos", disse Sangeeta Gupta, vice-presidente sênior da Nasscom. "Debjani é um sinal de que os ventos estão mudando."
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