O colega de trabalho que quer te derrubar pode sofrer de uma síndrome
Procusto, na mitologia grega, era um bandido que ofertava um leito para os viajantes que passavam por ele. Quando aceitavam, ele dizia que era preciso que coubessem perfeitamente na cama de ferro. Se fosse maior, ele amputava os membros. Se fosse menor, esticava-os violentamente. Porém, como a duas camas, sempre escolhia aquela em que o hóspede não caberia e, assim, todos morriam.
O personagem mitológico representa a imagem do poder absoluto e da tirania de pessoas que não aceitam ou toleram opiniões diferentes das suas. Por isso, o conceito de “Síndrome de Procusto” é usado no meio corporativo para identificar profissionais que, por não conseguirem lidar com a competência alheia, boicotam os demais.
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“Muitas vezes, são gestores antigos em seus cargos e profissionais que atuam há anos na área e não conseguem superar ou acompanhar as novas ideias”, explica a psicóloga organizacional Lívia Marques. Frustrados com o outro que tem mais destaque do que ele, prejudicam o colega ou, então, humilham-no.
Esses profissionais estão em empresas de pequeno e grande porte, diz o psicólogo Bruno Almeida, especialista em desenvolvimento de carreira. “Normalmente, são centralizadores, não gostam de mudanças no ambiente de trabalho e são sensíveis emocionalmente, qualquer coisa que acontece é motivo para discussão”, afirma.
“Ao sabotar os colegas, ele consegue provar sua tese de que o outro não tem valor”, diz o psicólogo Celso Braga, sócio do Grupo Bridge, consultoria em desenvolvimento humano.
É preciso dizer que nem todos que querem se sobressair no ambiente de trabalho têm a síndrome. “O comportamento pode ser apenas reflexo de uma gestão muito competitiva, que pode estimular o desencadeamento dessa síndrome em alguém com propensão”, diz Braga. Em casos raros, a síndrome também pode aparecer em pessoas com quadro depressivo.
Alguns sinais indicam o problema: a pessoa sempre critica os trabalhos de todos; mostra-se insatisfeita com tudo ao redor e com a própria empresa; não comemora nenhum feito excelente dos outros e parece querer criar obstáculos ao sucesso de quem está por perto.
O que fazer se você é a vítima
A primeira alternativa apontada pelos especialistas é se afastar, o que nem sempre é possível. Quando a convivência é inevitável, vale chamar para uma conversa, que é sempre melhor do que alimentar uma raiva, que pode resultar em conflitos graves na equipe e em perda de produtividade.
Braga sugere uma abordagem objetiva: “Olá, fulano. Você tem feito algumas coisas que não entendo. Podemos conversar?”. Ou ainda mais direta: “Fiquei com muita raiva por ter apresentado aquele dado que você me passou e que estava errado. Parece que você quis me prejudicar. O que está acontecendo?”.
“Esse colega, provavelmente, vai manipular, dizendo que nada fez ou faz. Pode também humilhá-lo ainda mais. Por isso, é importante que esteja seguro de si antes de ter essa conversa”, diz Lívia.
Se preciso, leve o caso ao gestor
Na falta de conciliação com o colega, o gestor precisa ser envolvido. “Provavelmente, você não será a primeira pessoa a falar do colega para ele, portanto, seja direto. Explique de que maneira ele tem prejudicado seu trabalho e, consequentemente, a empresa”, diz Almeida.
Tente a seguinte abordagem: “Gostaria de ajudar um colega e não estou conseguindo sozinho. Já conversei com ele e parece que é difícil ele perceber que algo está errado. Vou te dar alguns exemplos...”. Após listar as atitudes, pergunte: “O que acha que podemos fazer?”.
Em empresas com um departamento de recursos humanos estruturado, é provável que a questão chegue à área logo depois da conversa com o líder. E eles saberão lidar com o comportamento do colega melhor do que você e seu chefe. “O RH vai agir se perceber que o profissional está causando adoecimento mental na equipe ou mesmo praticando assédio moral”, diz Lívia.
Se o colega conseguir reconhecer o problema, a psicoterapia é o tratamento indicado para combater o mal e para apoiar o profissional no seu processo de desenvolvimento emocional.
Mas, se o outro decidir não aceitar ajuda, talvez você tenha de se fortalecer, também com apoio psicológico, para sobreviver a um ambiente tóxico. “Preparados para os imprevistos, vamos autoanalisar constantemente o nosso desempenho no trabalho e as tarefas que estão sendo realizadas, evitando, assim, brechas nas quais o outro possa agir”, diz Bruno Almeida.
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