Topo

Grammy 2018: Entenda tudo sobre os protestos contra o assédio na premiação

Mariana Araújo

do UOL, em São Paulo

28/01/2018 20h09

Conhecido como o "Oscar da música", o Grammy espelhou outra premiação em 2018: o Globo de Ouro.

Assim como no evento que celebrou o melhor do cinema e da tevê em 7 de janeiro, nomes fortes da indústria do entretenimento protestaram contra os assédios e abusos sexuais cometidos por figuras de poder do meio — e que, em muitos casos, foram expostos no último ano.

Veja também

Sai o preto, entra a rosa

Famosos cruzaram o tapete vermelho com uma rosa branca em apoio às estrelas do "Time's Up", organização de Hollywood fundada por mulheres como Reese Witherspoon e Shonda Rhimes e que promove não só o apoio às sobreviventes de violência sexual no cinema e na tevê, como também a educação de mulheres a respeito de seus direitos diante de desigualdades de gênero.

A ideia da iniciativa é das executivas Meg Harkins, vice-presidente da Roc Nation (agência musical e produtora fundada por Jay-Z); e Karen Rait, vice-presidente dos selos musicais Interscope/Geffen/A&M, que se inspiraram no "blackout" das atrizes no Globo de Ouro. Para quem não lembra, elas vestiram preto em forma de protesto contra os assédios.

Nomes fortes da música como Halsey, Rhapsody, Kelly Clarkson, Cyndi Lauper, Dua Lipa, Rita Ora e Tom Morello já confirmaram que vão aderir ao uso da rosa.

O significado da rosa branca

O plano de lançar um protesto foi concebido na última segunda-feira, 22, durante um jantar das executivas em Nova York. Elas escolheram o tom da flor inspiradas pelo uso do branco pelas sufragistas americanas em seus históricos protestos pela liberdade de voto das mulheres.

Hillary Clinton ainda aderiu à cor em seu protesto silencioso durante a posse do presidente Donald Trump, também acusado de assédio.

"É uma importante conversa política no nosso país e também uma conversa que devemos ter internamente com nossos artistas e empresas", disse Meg Harkins sobre a ressonância em relação ao movimento #MeToo à revista "Billboard". "Nós precisamos falar sobre quando alguém se sente discriminado ou não se sente seguro em seu local de trabalho. É preciso haver apoio". 

Para Karen Rait, músicos têm uma responsabilidade diante do impacto que provocam na vida das pessoas. "É adequado que a maior noite da música mostre apoio à igualdade e segurança no local de trabalho, para que as pessoas possam dar esta atenção aos seus colegas de empresa".

É provável ainda que os artistas usem suas performances como plataformas para as próprias manifestações sobre o tema. A cantora Kesha — que denunciou o produtor Dr. Luke como seu abusador e teve que enfrentá-lo na justiça para que pudesse terminar contratos que garantiam a ele controle sobre sua carreira — deve fazer seu grande retorno aos palcos no Grammy.

Catártico, seu novo trabalho "Rainbow" narra justamente sua história de superação do episódio. Portanto, é dela que se espera o posicionamento mais ousado da premiação.