De Dória à Rainha: Famosos brancos são retratados como negros em exposição

A rainha Elizabeth 2ª, Gisele Bundchen, João Dória Jr, Dilma, Xuxa, Silvio Santos e até William Waack -- que recentemente foi afastado da TV por comentários racistas -- de repente viraram negros. Isso ao menos na exposição "Pourquoi pas?" ("Por que não?", em tradução livre do francês), que será inaugurada no próximo dia 2.
Criada por Alexandra Loras, ex-consulesa da França no Brasil, a mostra tem imagens de 20 personalidades brancas modificadas digitalmente para escurecer a cor da pele e mudar cabelos e alguns traços físicos.
Em suas redes sociais, Alexandra divulgou algumas das obras que estarão na exposição e explicou a ideia da exibição. "Nesse mundo 'invertido', eu proponho, com uma dose de humor e ironia, uma reflexão mais profunda sobre o protagonismo do negro na história", escreveu.
Veja também
- 13 atitudes racistas que as pessoas têm sem perceber
- "No Brasil, só incomoda o racismo do outro", diz a filósofa Djamila Ribeiro
- Brasileira negra com ensino superior recebe 43% do salário de homem branco
Versão negra de Gisele Bundchen, na exposição
Rapidamente, as fotos provocaram burburinho nas redes sociais e vários internautas apontaram que o trabalho feito por Alexandra seria, na verdade, uma espécie de "blackface digital". "Isso não é a representação pra ninguém, é ofensa", opinou uma seguidora de Alexandra no Instagram. "Queria entender o que você quer com esse projeto. Não acrescenta nada, mas só atrapalha e banaliza a nossa luta", disse outro.
Na imagem alterada de Gisele Bundchen, Alexandra perguntou na legenda se alguém sabia de quem se tratava. Como resposta, uma internauta escreveu: "Que vergonha. Sei quem é sim... uma branca padrão, elitizada, que apoiou o golpe, e não representa nem nunca representou ao povo negro".
Procurada pela reportagem, Alexandra não respondeu ao pedido de entrevista até o fechamento deste texto. Em seu perfil no Facebook, porém, ela rebateu as críticas e negou que o trabalho apresentado tivesse relação com a prática do blackface.
"Como artista negra, meu objetivo é fazer uma reflexão sobre o protagonismo do negro na sociedade brasileira sem dar qualquer conotação pejorativa aos personagens retratados, mas sim mostrar como o eurocentrismo atual é chocante e absurdo para os negros, pois não somos representados de maneira digna, respeitosa e igualitária. Meu desejo é provocar uma reflexão e não resgatar uma ferramenta considerada racista e que ridiculariza o negro", escreveu.
A exposição vai acontecer de 2 a 22 de dezembro na Galeria Rabieh (Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 147, Jardim América, São Paulo).
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso do UOL.