Vovô de 84 anos foge para ir ao estádio; como a família deve lidar?
O aposentado Orly Pimentel Ribeiro, de 84 anos, surpreendeu seus familiares no início de março, ao sair escondido e ir até o estádio assistir a final da Taça Guanabara, entre Flamengo e Fluminense, seu time do coração.
O caso inusitado ficou famoso após o neto encontrar o avó nas imagens do clássico do campeonato carioca, que era exibido ao vivo pela TV, e descobrir a escapulida. Por fim, o idoso voltou para casa são e salvo.
Apesar da história terminar bem, e de uma forma até cômica, o geriatra José Elias Soares Pinheiro, atual presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), lembra que o final poderia ter sido trágico.
"Como era um jogo de futebol de grande fluxo de torcedores, a probabilidade de um octogenário cair é enorme. E em caso de algum incidente, seria complicado para a família descobrir onde ele estava", diz.
Como lidar?
Mesmo que seu pai, avó ou tia seja como o senhor Orly, bem fisicamente e bastante lúcido a ponto de ainda dar os "seus pulos" por aí, é importante que a família mantenha uma certa vigilância sobre o idoso, pois ele é claramente mais frágil do que um adulto mais jovem.
Isso porque, no processo fisiológico de envelhecimento, é normal termos um grau de declínio na nossa capacidade locomotiva e cognitiva. Exatamente por este motivo, a SBGG preconiza como ideal o idoso estar sempre acompanhado, de preferência por um familiar.
"Não precisa cercear sua autonomia, mas melhor evitar que ele saia sozinho, pois torna-se alvo fácil de um esbarrão, por exemplo, que poderia levá-lo ao chão ou a outro acidente", ressalta.
Ele também lembra que, de acordo com o Estatuto do Idoso, o responsável pelo indivíduo que envelhece é seu filho. "Por isso, melhor não deixar um indivíduo octogenário sair sozinho. Ele até pode estar bem, mas um calor em excesso, alguma desidratação, ou um remédio esquecido podem levá-lo a passar mal sem nenhum tipo de apoio", diz.
Vale dar bronca?
Exatamente por estar lidando com outro indivíduo cheio de vontade própria, é importante o familiar evitar brigar quando se deparar com uma situação como a do senhor Orly. "Melhor abrir o diálogo e escutar as necessidades do idoso na tentativa de minimizar os possíveis riscos", diz Juliane Silva, assistente social e gerontóloga em uma clínica especializada.
"Muitas vezes, essa pessoa pensa: se eu falar que quero ir, minha filha não vai deixar, ou ninguém vai querer me acompanhar, pois sempre que chamo reclamam", destaca. "Então, é importante ter cuidado nisso e ficar atento aos alertas que o idoso dá, escutando quando ele expressar as próprias vontades."
Juliane acredita que é muito provável que Orly já tenha feito outra "travessura" do tipo e que a família nem tenha percebido. "Melhor conversar e fazê-lo entender os perigos que poderiam ter acontecido, expressando a ideia de que, se o idoso tiver vontade de ir em algum lugar, bastaria avisar que alguém iria acompanhá-lo", diz.
Também é válido dar uma pulseira, ou um colarzinho com identificação, pois quando o idoso tem autonomia e sai por aí é difícil comunicar a família caso aconteça algum problema."Vejo muitos familiares colocando o contato atrás de uma medalinha de algum santo de devoção, que é algo que a pessoa sempre vai carregar consigo", indica Juliane
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